Após meses de negociações, o governo Lula conseguiu as condições favoráveis para uma troca de comando no Sebrae nacional. Nesta semana o então presidente, Carlos Melles, renunciou ao cargo abrindo espaço para uma nova eleição, no dia 10 de abril. O catarinense Décio Lima (PT), ex-deputado federal e primeiro representante da esquerda a chegar ao segundo turno nas eleições para o Governo de SC, deve ser eleito por aclamação para presidir o Sebrae nacional, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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O PT já demonstrava descontentamento com a gestão de Melles à frente do Sebrae desde antes de assumir o governo, por considerar que foi política e ligada ao bolsonarismo. Por isso moveu a articulação, conduzida pelo ex-presidente da entidade, Paulo Okamoto, para a troca de comando.
Décio Lima tem afirmado que “tentaram transformar o Sebrae em partido político, e sua missão será fazer dele um parceiro” dos pequenos e micro empreendedores. À frente do Sebrae, Décio terá um orçamento de R$ 7,5 bilhões – mais robusto que a maioria dos ministérios – e um amplo capital político, próximo de setores importantes da economia. Ele falou à coluna sobre as expectativas e admitiu que pode se licenciar do comando estadual do PT para se dedicar à nova função.
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Qual a perspectiva a partir de agora?
O período de 10 dias (da renúncia do ex-presidente Carlos Melles até a nova eleição, em 10 de abril) é previsão regimental. Logo depois da Páscoa, tudo indica que assumirei. Foi uma construção. É uma eleição mais difícil do que a que passei ano passado, com muita interação de convencimento de setores como o agro, a indústria. O presidente Lula me colocou nessa tarefa porque precisava de um perfil para fazer um ambiente com perspectiva serena, de aglutinação.
Será uma área de atuação diferente da que estás habituado. Tem preocupação com resistência?
Minha origem familiar é de microempreendedores. Venho de um estado formado por micro e pequenos empreendedores e que serve como referência de paradigma para o Brasil. Minha experiência na política é exitosa em aglutinar, convergir, respeitar diferenças e adversidades. Como deputado federal também fui um intenso apoiador de todas as demandas do setor. Compreendo muito bem a importância e os problemas do setor. Vou percorrer o Brasil, interagir com os Sebraes estaduais, e ser parceiro de um governo que entende que esse setor é fundamental para recuperar as bases da nossa economia que se perderam com fome e exclusão.
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Qual é o desafio para a largada?
Sair da pauta do crédito. Muitos dos micro e pequenos empreendedores não têm mais crédito. O governo lançou o Desenrola Brasil para isso. É um setor que enfrenta o que o mundo enfrenta, e precisa estar inserido na eficiência tecnológica, que hoje transforma o capitalismo, para ter perspectiva de futuro. E há um desafio geracional. Despertar a capacitação, o empreendedorismo, o “estudar e empreender”, que têm que caminhar juntos.
Continuará na presidência do PT em SC?
Tenho mandato até 2026, então primeiro vou compartilhar com os que me elegeram presidente do PT para definir qual o caminho, se é possível um licenciamento, ou tentar unir as duas questões, o que acho muito difícil. Nesse licenciamento, se ocorrer, o partido terá que ficar com alguém que possa dar passos vitoriosos. Nunca havíamos ido para o segundo turno, e desta vez fomos. Não vou desprezar a responsabilidade política com SC e a continuidade da luta. Estaremos prontos para a próxima disputa para o governo de SC.
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