Vice-líder do governo no Senado, o catarinense Jorginho Melo (PL) integra a tropa de choque do presidente Jair Bolsonaro na CPI da Covid, que será instalada na próxima semana. Ele falou à coluna sobre as perspectivas da Comissão e o foco das investigações – que, para o senador, não devem se restringir a Bolsonaro.
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Entrevista: senador Jorginho Mello
O senhor tem dito que não gostou da maneira como começou a CPI, com os nomes praticamente certos para presidência e relatoria. Como fica o clima para iniciar os trabalhos?
O clima está ruim. Vou a Brasília domingo, segunda-feira preciso estar lá para aparar essas arestas porque terça é a instalação. Aí é que vão fazer a eleição. Eu não queria CPI agora, porque é hora de outras coisas. Vamos tirar a energia do Ministério da Saúde, dos governadores, dos prefeitos, para responder a algo do passado. Desde o começo me manifestei (dizendo que) não é hora de CPI. O dinheiro já foi, já gastaram bem ou mal. Tem nota fiscal. O governo não se preocupou em fazer maioria, mas isso sempre foi uma colcha de retalhos. Tem a polêmica do Renan (Calheiros) poder ser (o presidente), porque o filho dele é governador. Mas na terça-feira começamos a trabalhar e vamos ver onde vai dar.
O senhor conversou com o presidente Bolsonaro sobre a CPI? Qual a orientação dele?
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Vou falar com ele na segunda-feira, sobre outros assuntos, e esse vai estar na pauta.
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Pretende se candidatar para relatar ou presidir a CPI?
Não, se for o caso vou apoiar o (Eduardo) Girão. Nem me manifestei sobre isso para não antecipar. Quem está se antecipando são os outros, estão elegendo presidente, vice, relator, relacionando as pessoas que querem ouvir. Primeiro tem que sentar os 11 (membros da CPI), para depois começar. Senão, é uma CPI só de seis.
Tem como defender a maneira como o governo federal conduziu a pandemia?
Tem como defender, mas não é o caso. Numa CPI, temos que fazer o esforço maior possível para ter equilíbrio, levantar os pontos fortes e fracos do governo federal, o que os governadores fizeram de bom ou de ruim, os prefeitos. Entrar na CPI para defender o governo não é o meu espírito. Quem faz parte de uma CPI tem que ter a grandeza para punir quem quer que seja. Se alguém do governo federal precisar ser punido, advertido, vamos fazer.
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Mesmo que seja o presidente da República?
O presidente tem o estilo dele. Se tem um cara que nunca mudou foi o Bolsonaro. Quem votou nele, votou nesse cara polêmico, turrão. Às vezes tem coisas que eu acho que ele não deveria falar, mas ele é incurável. Mas não é ele quem fez a política de informar, entrou um ministro, saiu outro. O nosso sistema de saúde segurou o tranco. Vacinas, quem tinha para vender em fevereiro, março, abril do ano passado? Foi comprado vacina depois que a Anvisa aprovou. Nós, no Senado, estamos falando com os embaixadores. Estivemos na embaixada da Índia, da China, EUA, com o (presidente do Senado), Rodrigo Pacheco, para pedir que os laboratórios aumentem o número de doses nos contratos. O carinho como nos tratam é impressionante. Dizem que estamos mal lá fora, mas nada disso é verdade. Então, meu objetivo na CPI é ser o mais isento possível.
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O senhor fala de isenção, mas é do grupo alinhado ao presidente. Como defender o governo diante desse numero de quase 400 mil mortos?
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Não é Bolsonaro o culpado pelo vírus. O vírus nasceu na China e veio para cá.
Mas o governo deixou de negociar vacina mais cedo, de comunicar sobre a gravidade da pandemia.
Ia comprar de quem? O governo teve que esperar a Anvisa autorizar (aprovar as vacinas), e depois que a Anvisa autorizou, foi compado, independente do ministro que estava lá. Temos 500 milhões de vacinas compradas, 70% pagas.
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O senhor avalia que o país foi bem na comunicação da pandemia?
Faltou comunicação, talvez. O ministro ser um médico, conversar bastante, como o Queiroga está fazendo agora.
Com duas linhas, uma mais focada no governo federal e outro nos recursos para estados e municípios, até onde vai a CPI?
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Minha expectativa é que vai dar muito trabalho, vamos perder um tempo importante e vai pesar muito a corrupção. Tem governador que pagou folha de pagamento, dívida, precatório (com recursos federais). É claro que iria faltar dinheiro para soorrer os doentes. Isso nós vamos apurar. Vai dar um calor muito grande, para um lado e para o outro.
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