Áudios que circulam no setor da construção civil em SC mostram como empresas da área têm pressionado trabalhadores a votar no presidente Jair Bolsonaro (PL), dizendo que não haverá emprego se o ex-presidente Lula (PT) ganhar a eleição. A conduta pode configurar assédio ou coação eleitoral, e é vedada tanto pela Justiça Eleitoral quanto pela Justiça do Trabalho.
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As mensagens que chegaram à coluna atestam que há um movimento de pressão sobre os trabalhadores:
“Aqui em Itapema todas as construtoras chamaram os empreiteiros, chamaram o funcionários, os donos estão se reunindo aqui, e é o seguinte, se o Lula ganhar metade vai embora. Não é uma ameaça, é uma realidade. Se o Lula ganhar, metade dos peões vão embora. Está todo mundo assim, pressionando os funcionários. O que tem de projeto para lançar no fim do ano, ano que vem, vai parar tudo, ninguém faz mais nada”.
Outra mensagem, em aúdio, diz o seguinte:
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“Todo mundo está com projeto na gaveta esperando o resultado das eleições, se o Lula ganhar o projeto fica na gaveta e não tem obra nova. Não tem emprego novo, não tem crescimento. Se o Bolsonaro ganhar, o Brasil vai bombar. Isso é que está em jogo, o emprego de muita gente. Inclusive aqui”.
Até segunda-feira, o Ministério Público do Trabalho (MPT) já havia registrado 24 denúncias de assédio eleitoral em Santa Catarina. Na lista de denunciados há hotéis, comércio, setor de serviço, como escritório de contabilidade, e até prefeituras. As representações incluem trabalhadores que são obrigados a usar camisetas com teor eleitoral, que recebem ameaças de demissão, e proibição de contratação de nordestinos devido ao resultado de Lula na região Nordeste.
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O Ministério Público do Trabalho emitiu uma nota técnica para que os procuradores atuem para coibir esse tipo de comportamento dos empregadores, e está reforçando as recomendações. Em todo o Brasil, já são mais de 160 denúncias.