Neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina será palco para um congresso antifeminista. Uma espécie de anti-homenagem organizada pela deputada estadual Ana Campagnolo (PL) em uma data que marca, no mundo todo, a luta das mulheres por direitos e por equidade.

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O congresso tem entre as convidadas uma ex-comentarista condenada por fake news pelo TSE, além da própria Campagnolo, que faz fama e fortuna vendendo livros em que deturpa e rechaça as conquistas feministas – embora se beneficie delas. Foi graças à luta de outras mulheres que a deputada antifeminista pode ser candidata com cota de gênero, ser eleita duas vezes, e ocupar seu lugar no Legislativo.

A escolha da data é proposital e afrontosa. Um tapa na cara de quem trabalha por um mundo menos hostil para as mulheres. Inclusive para as deputadas de diferentes posições ideológicas e partidárias que já integraram, e que ainda integram, a reduzida Bancada Feminina de SC. É vergonhoso que um espaço público, bancado por todos os catarinenses, seja usado para difundir ideias que confrontam os direitos das mulheres em pleno 8 de Março.

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O cenário piora porque o ano de 2024 tem sido especialmente cruel para as mulheres em SC. Desde janeiro, uma mulher foi morta a cada cinco dias. Só nesta semana, marcada pelo Dia Internacional da Mulher, Santa Catarina registrou cinco feminicídios. É um problema multifatorial, sistêmico, que passa invariavelmente pelo machismo e a misoginia – e que merecia estar em debate neste 8 de Março no Legislativo.

A Alesc informou que agendar eventos é uma prerrogativa de cada parlamentar e que apenas cede o espaço conforme a demanda. O Legislativo diz que não “censura” eventos, sob o entendimento de que essas agendas fazem parte do exercício do mandato parlamentar. Talvez seja hora, no entanto, de avaliar se a Casa Legislativa deveria se prestar ao retrocesso e ao deboche.

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