Uma cena inusitada repercutiu na troca de comando da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), dias atrás. Ao entregar o cargo e se despedir da corporação onde atuou durante toda a vida para seguir para a reserva, o coronel Cláudio Koglin, que ocupava o cargo de subcomandante geral, despejou em palavras o descontentamento com o governador Carlos Moisés (PSL).
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Em uma atitude incomum entre os militares, presos a hierarquias e continências, Koglin cobrou de Moisés “palavras empenhadas” e que comandasse a tropa “de frente”. O episódio marcou uma queixa pessoal, já que havia expectativa nos bastidores de que o sub assumisse o posto de comandante – o que não ocorreu. Mas também é simbólico no atual momento da relação entre Moisés e os policiais militares no Estado.
A PM apoiou, tão abertamente quanto as vistas grossas dos órgãos de controle permitiram, a eleição do presidente Jair Bolsonaro e do governador Carlos Moisés em Santa Catarina. O tsunami bolsonarista varreu de soldados a coronéis, com raras exceções. Mas o aceno não saiu de graça.
Havia expectativas claras dos policiais em relação a Moisés. A primeira era de que fosse um minibolsonaro em SC. A segunda, que um governador militar, do Corpo de Bombeiros, seria mais sensível às pautas da categoria.
Nenhuma das duas resistiu aos primeiros embates. O relacionamento, que já vinha abalado, desgastou de vez com a negociação salarial frustrada de praças e oficiais no início deste ano. As reclamações sobre falta de interlocução com o governo passaram a frequentar os bastidores da tropa.
O mais recente capítulo é a resistência da ala ideológica bolsonarista ao nome do coronel Araújo Gomes, ex-comandante geral no Estado, para assumir a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), em Brasília. Nos bastidores, tentou-se reverter o quadro com um esforço para dissociar a imagem do coronel do governo de Santa Catarina.
É nesse contexto que o coronel Dionei Tonet, novo comandante geral, assumiu o comando da PM em SC. Habituado a posições mais burocráticas dentro da corporação, tem uma missão que vai além da segurança pública. Internamente, terá que reconquistar o apoio dos policiais para o governo.
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