Como ir ao trabalho e com quem deixar as crianças: as respostas que o governo não dá ao flexibilizar a quarentena

O governador Carlos Moisés (PSL) atendeu aos apelos de boa parte do empresariado e, embora mantenha outras restrições, anunciou que o comércio e os hotéis reabrem nesta segunda-feira (13). Num cálculo rápido, a decisão autoriza mais de meio milhão de catarinenses a voltar ao trabalho num momento em que a situação da pandemia tende a agravar em todo o país.

Só isso, já seria um ponto de atenção. Mas não é apenas a questão da saúde que neste momento preocupa boa parte desses trabalhadores. Há duas perguntas que não foram respondidas pelo governo: como se deslocar para o trabalho, se o transporte público segue suspenso? Os que têm filhos, devem deixar com quem as crianças? Não é recomendado que elas se aproximem dos avós, por exemplo. E creches que abriram, descumprindo a quarentena no Estado, foram fechadas pela polícia.

O que vai acontecer com as crianças que ficarão sozinhas em casa? O que ocorrerá com o trabalhador que não conseguir voltar ao emprego porque mora longe? Que garantias terá? O transporte por aplicativo segue autorizado e poderia ser uma solução para o vaivém do trabalho, mas o custo é inviável para quem ganha pouco.

Ao tirar de seus ombros o pesado fardo de proibir as atividades comerciais, que empregam milhares de pessoas, e que colecionam prejuízo com as medidas de quarentena, o governo de Santa Catarina empurrou para empregadores e empregados as respostas a essas perguntas. Soluções que não serão simples, nem fáceis.

Na coletiva de imprensa deste sábado, Moisés reconheceu que estamos numa guerra, muito longe do fim. E alertou que caberá a cada um tomar os cuidados necessários. “Todo cuidado é pouco para se proteger e proteger os familiares”, ressaltou.

Embora reforce as recomendações para que se mantenha o isolamento social ao máximo, o recado do governo é que lavou as mãos. Para o trabalhador assalariado em SC, caberá arrumar um jeito de chegar ao serviço e manter os filhos em segurança, enquanto toma os cuidados possíveis para não se contaminar com o coronavírus.

Cada um terá que fazer a sua parte para conter a pandemia. Mas o esforço de alguns será muito maior.

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