Barcos usados na pesca industrial, que são capazes de navegar grandes distâncias, são o mais novo alvo dos criminosos para tentar enviar carregamentos de cocaína para o exterior a partir de SC. A Operação Coroa, deflagrada na última quinta-feira (16) em Santa Catarina, São Paulo e Bahia, marcou a ofensiva da Polícia Federal contra essa estratégia do tráfico internacional de drogas, até então inédita na região Sul do país.

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Foram duas apreensões de drogas em barcos pesqueiros no Estado em julho deste ano, num período de três semanas – e, por enquanto, a Polícia Federal ainda investiga se elas estão relacionadas. Uma dessas apreensões ocorreu em Itapema, onde um barco que navegava pela orla com irregularidades no sistema de rastreamento, interceptado pela PF, carregava 800 quilos da droga. A outra, em Itajaí, onde a embarcação Coroa – que deu nome à operação deflagrada na última semana – levava 2,8 toneladas de cocaína no porão.

Empresário de Itajaí está foragido em ação da PF contra tráfico internacional

A apreensão de cocaína no barco Coroa foi a maior já feita em uma única ação no Estado. Equivale, por exemplo, a mais da metade de toda a droga localizada nos portos catarinenses em 2019, quando a Polícia Federal registrou número recorde de apreensões – um total de 4 toneladas em 12 meses.

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A grande quantidade de drogas, em uma única embarcação, pode ser um indicativo de que a rota tenha sido utilizada com sucesso anteriormente. Essa é uma das hipóteses que a Polícia Federal busca responder com as investigações, que na semana passada levaram mais oito pessoas à prisão por ordem da Justiça. Entre elas, suspeitos de financiar e organizar a logística do transporte da droga. As prisões ocorreram em Santa Catarina, em Itajaí, Navegantes e Camboriú; e na Bahia, em Salvador e Porto Seguro. Um empresário de Itajaí, que segundo a polícia teria negociado o aluguel do atracadouro onde o barco foi preparado, está foragido.

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Já são 15 presos no total, por algum envolvimento com a embarcação Coroa – entre os sete tripulantes, que foram detidos em flagrante em julho, nenhum é da região de Itajaí. A maioria é de outros estados, e alguns sequer conhecem a atividade pesqueira.

Novas modalidades tentam escapar da fiscalização

O tráfico internacional marítimo é um assunto que faz parte do dia a dia da PF em Santa Catarina. Mas as ocorrências costumam envolver portos, contêineres e navios. Barcos de pesca são uma “novidade”.

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Embora a migração do crime entre rotas e meios de transporte seja comum, na tentativa constante do tráfico de burlar a ação policial, o uso de embarcações pesqueiras não é exatamente novo: a modalidade já vinha sendo usada por criminosos na região Nordeste, onde a travessia do Oceano Atlântico é mais curta. Como não havia registros dessa atuação na região Sul, as primeiras apreensões em Santa Catarina, em julho, fizeram soar o sinal de alerta. A região é sede de um dos maiores polos pesqueiros do país, com centenas de embarcações cadastradas e operando legalmente.

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A pesca industrial exige embarcações com tecnologia moderna, capacidade para navegar grandes distâncias e ficar muitos dias em alto-mar. Algumas modalidades capturam espécies a centenas de quilômetros da costa. Por isso, não é surpreendente que um barco de pesca faça uma travessia transoceânica.

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De acordo com as investigações, a Polícia Federal apurou que o barco Coroa navegaria até um porto marítimo que fica próximo à costa da Namíbia, a uma distância de mais de 6 mil milhas náuticas de Itajaí. As suspeitas são de que, nesse local, o carregamento de cocaína seria transferido para outra embarcação – um navio, ou outro barco menor – e seguiria viagem. A PF não divulgou qual o provável destino final da droga, mas o tráfico internacional costuma ter como objetivo chegar aos países europeus, onde a cocaína é distribuída.

Com a prisão de novos suspeitos, a investigação avança em busca de esclarecer uma série de perguntas. Especialmente, quem financia os carregamentos. A expectativa da PF é que o Ministério Público Federal apresente em breve denuncia à Justiça contra os investigados. Os sete primeiros presos, detidos em flagrantes, tiveram as prisões confirmadas recentemente pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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