Dona dos edifícios mais altos do país e de alguns dos imóveis mais caros do Brasil, Balneário Camboriú tenta resolver o déficit na hotelaria de alto padrão – uma consequência do avanço da construção civil sobre os hotéis ao longo de décadas. Uma proposta de alteração no Plano Diretor pretende solucionar o impasse com um modelo quase inédito no Brasil, que permite áreas destinadas a hotéis dentro de prédios residenciais, com incentivos econômicos. A novidade é considerada uma “revolução” de mercado pelos especialistas.
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Secretário de Planejamento de Balneário Camboriú, o engenheiro Rubens Spernau explica que algumas regiões da cidade terão “incentivo vocacionado”, tanto para as empresas hoteleiras quanto para as construtoras. Significa que haverá um índice máximo de capacidade para implantação do hotel. Mas um dos principais chamarizes para a chegada de novos projetos é a isenção na cobrança de potencial construtivo:
– Não haverá cobrança de outorgas onerosas, ou seja, pagamento pelo uso do espaço aéreo além do permitido por lei, e isso deve impulsionar à criação de hotéis porque será isento. Também queremos ampliar o potencial construtivo em projetos de uso misto, incentivando a fachada ativa com a instalação de comércio, mas o potencial construtivo da parte residencial, que é aquela que adensa e cria um ambiente mais difícil de enfrentamento na questão da mobilidade, não será ampliado – diz Spernau.
Prédio com mais de 100 andares em Balneário Camboriú terá hotel de luxo
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Para o especialista em mercado imobiliário de alto padrão, Renato Monteiro, que comanda o Grupo Sort, a mudança no Plano Diretor vai impactar positivamente a cidade nos próximos anos, já que irá gerar a qualificação na rede hoteleira, assim como acontece com a construção civil.
– Com essa novidade, Balneário Camboriú vai ganhar uma rede hoteleira moderna e de alto padrão, já que os empreendimentos da cidade são referência nacional e internacional pela sofisticação. Com opções de hospedagens que vão atender as necessidades de um público mais exigente, a cidade vai atrair um turismo mais qualificado e com maior poder aquisitivo, o que reflete diretamente no mercado imobiliário, inclusive, com valorização dos imóveis que pode chegar a até 200% nos próximos cinco anos – afirma Renato.
Hotel Marambaia será renovado com novo edificio:
Atualmente, Balneário Camboriú tem 110 hotéis com pouco mais de 20 mil leitos. Há pouca oferta de hospedagem de luxo, o que faz com que as construtoras que trazem clientes e investidores em potencial para conhecer os imóveis busquem “soluções caseiras”. A FG Empreendimentos, por exemplo, possui apartamentos preparados em diferentes edifícios para serem utilizados por potenciais compradores que queiram experimentar o lifestyle da cidade.
“Melhor hotel do mundo” terá unidade em Balneário Camboriú
– O público de classes A e A++, diferentemente de outras classes sociais, não costuma alugar hospedagens de casas e apartamentos de temporada ou por aplicativos. Eles preferem toda a comodidade que um hotel oferece. Por isso, temos uma excelente oportunidade de atrair pessoas de alto nível para turismo e atender com melhor qualidade aqueles turistas de negócios e eventos, especialmente com a implantação do centro de eventos na região. Digo isso porque é comprovado que o público de negócios geralmente investe mais do que o de lazer. Porém, no geral, teremos novas possibilidades para ampliar esse público para vir à cidade e, futuramente, se tornar um investidor ou comprador de um apartamento – diz Renato Monteiro.
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O presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), Orlando de Souza, vê com bons olhos a proposta.
– O modelo proposto por Balneário Camboriú é relativamente novo no Brasil, muito embora seja uma fórmula que seja utilizada em outros mercados mais maduros da hotelaria, em especial nos Estados Unidos – avalia.
Já para o conselheiro da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e hoteleiro na cidade, Osny Maciel Junior, essa será uma grande oportunidade para que a hotelaria se renove, inclusive, para atender uma demanda crescente do turismo de negócios.
– Os estabelecimentos terão a necessidade de se atualizar, porque a cidade deixou de ter apenas o turismo de Sol e Mar e tem que receber também o público corporativo, devido à abertura do centro de eventos – diz.
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