Nenhum nome no governo é mais próximo do governador Carlos Moisés do que o do secretário de Estado da Casa Civil, Douglas Borba. A ponto do secretário servir como providencial blindagem para um governador inexperiente para os assuntos da política. Moisés assumiu o braço gestor do governo. Douglas ficou com o político.

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Vereador licenciado em Biguaçu, onde se elegeu pelo PP – partido que deixou no início do ano passado – Douglas Borba tampouco era uma figura proeminente na política. Com Moisés, ganhou projeção e poder.

O que se comenta nos bastidores é que o secretário da Casa Civil tem uma incidência muito maior sobre o governador do que é de praxe no cargo. Militar sem trânsito no meio político, eleito em meio ao tsunami bolsonarista que varreu as urnas em 2018, Moisés parece ter visto em Douglas alguém para guiá-lo no caminho das pedras do poder. E o secretário gostou do papel.

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Simpático, bem articulado e controlador, é Douglas quem aconselha e conduz muitas das ações de Moisés. Faz o papel de escudeiro do governador – inclusive na relação com os aliados. Uma situação bem descrita pelo deputado estadual Maurício Eskudlark (PL) em entrevista ao colega Upiara Boschi, em que ele revelou que não tinha sequer o número de telefone do governador quando atuou como líder do governo na Alesc. Não é o único.

Há secretários que não têm contato direto com Moisés. Até mesmo relatórios das secretarias passam pelo filtro de Douglas antes de serem entregues ao governador. É como se Moisés enxergasse o próprio governo pela ótica de Douglas Borba.

Uma simbiose que foi estremecida, agora, pelas denúncias apresentadas pelo ex-secretário da Saúde, Helton Zeferino, e pela ex-superintendente de gestão em Saúde, exonerada do cargo, Márcia Pauli. Ambos citaram o nome de Douglas em meio ao escândalo da compra suspeita de 200 respiradores por R$ 33 milhões.

Por enquanto, não há provas públicas contra o secretário da Casa Civil – e ele nega qualquer envolvimento. Mas o episódio expõe mais uma fragilidade no governo.

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Moisés apressou-se a defender a honra do secretário na última quarta-feira, quando as denúncias de Helton apareceram. Mas terá o desgaste de uma CPI pela frente. Verdadeiras ou não, as denúncias voltarão à tona – e os arranhões sobrarão para o governo. No mínimo, a situação mostra que não havia harmonia entre o secretariado. O que já é um grande problema.

Moisés hoje se apoia em Douglas para caber no uniforme de governador. A julgar pelo andamento da crise, talvez precise escolher entre manter seu braço político, ou governar sozinho.

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