A advogada catarinense Ana Blasi foi nomeada nesta sexta-feira (11) pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para a vaga de desembargadora do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) pelo Quinto Constitucional. Deixou para trás o gaúcho Marcelo Machado Bertolucci, o paranaense Alaim Stefanello, e o “fogo amigo”: o lobby contrário à sua nomeação que foi encampado, ao longo dos últimos meses, por parlamentares bolsonaristas de SC.
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Terceira da lista tríplice em número de votos, Ana Blasi conseguiu “dobrar” a resistência e levar Bolsonaro a escolhê-la em um processo que durou cinco meses e demandou uma aproximação com o bolsonarismo.
Vinda de uma família tradicional no campo jurídico catarinense – atualmente o primo, João Henrique Blasi, é o presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina – Ana Blasi se aproximou da família Bolsonaro quando defendeu a vice-governadora Daniela Reinehr (PL) no processo de impeachment.
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Nesse processo, ela trabalhou em parceria com Karina Kufa, advogada do presidente da República. Kufa, a propósito, teria sido uma das principais defensoras da nomeação de Ana Blasi para a vaga no TRF-4.
Um grupo de parlamentares bolsonaristas, no entanto, trabalhou contra a escolha da advogada catarinense por motivos ligados à sua carreira profissional. Um deles foi a nomeação de Blasi para o Tribunal Regional Eleitoral, em 2015, que foi assinada pela então presidente Dilma Rousseff (PT) – uma formalidade.
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Outro “problema” apontado na biografia da advogada foi um prêmio que ela recebeu em 2018 na Câmara dos Deputados, o Diploma Mulher Cidadã Carlota Pereira Queirós. O motivo? A indicação veio de uma deputada do PT de São Paulo.
Para vencer a resistência, Ana Blasi passou a fazer movimentos em direção ao bolsonarismo ao longo dos últimos meses. Posicionou-se contra o aborto nas redes sociais – uma pauta que é cara à base do presidente – e passou a ser vista em eventos em que Bolsonaro estava presente, como a Marcha para Jesus, em Balneário Camboriú. Ela também esteve na última passagem do presidente pelo Estado, em 11 de outubro, em um ato de campanha.
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Quem também fez campanha por Blasi foi o senador eleito Jorge Seif Junior (PL). Próximo de Bolsonaro, ele conversou demoradamente com a advogada antes de decidir levantar a bandeira pela nomeação. Esse teria sido um movimento fundamental para o convencimento do presidente.
A estratégia, de fato, funcionou – e Ana Blasi deixou para trás concorrentes que tinham apoios igualmente importantes no bolsonarismo. O paranaense Alaim Stefanello, que foi “abraçado” por parlamentares de SC, contava com o apoio do governador Ratinho Junior. O gaúcho Marcelo Bertoluci, tinha a seu favor do o apoio do ex-ministro Onix Lorenzoni.
Atualmente, o presidente do TRF-4 é o catarinense Ricardo Teixeira do Valle Pereira.