Construído sobre suspeitas de irregularidade na concessão de reajuste aos procuradores do Estado, o pedido de impeachment do governador Carlos Moisés e da vice Daniela Reinerh, aberto pela Assembleia Legislativa, não cita a pandemia. Mas o caminho que levou o governo até este ponto da crise está contaminado pelo novo coronavírus. Do início ao fim.

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Tempos difíceis, como a crise sanitária que experimentamos agora, em todo o planeta, têm o condão de destacar qualidades e defeitos dos governantes. De criar e derrubar mitos. Não apenas porque exigem respostas rápidas e assertivas de quem está no comando, mas também porque as pessoas, em geral ocupadas com outras preocupações, de repente se dão conta da gravidade do cenário e lembram o quanto as decisões de governo interferem na vida de cada um. E no bolso também.

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Moisés oscilou entre aprovação e reprovação. Fez uma boa gestão inicial da crise, melhorou a transparência de dados, ganhou apoio entre uma parte dos críticos e desagradou alguns apoiadores. Um pêndulo perfeitamente administrável. Só que perdeu o controle, e o suporte, quando as suspeitas começaram a pressionar o governo. Primeiro, no cancelamento da contratação do hospital de campanha. Depois, no escândalo dos respiradores.

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A pandemia e suas medidas de emergência acentuaram o desgaste público, que expôs Moisés ao impeachment. Um tipo de processo que, embora calcado em argumentos legais, está intimamente ligado ao “clima” da opinião pública. Se a Alesc deu sequência ao processo, é porque, nos bastidores, a avaliação foi de que havia desgaste suficiente para expor o governo à próxima crise.

Ainda é cedo para apontar que caminhos processo de impeachment tomará. Mas, com um novo problema se gerido, a primeira “vítima” do processo tende a ser a gestão da pandemia – que já estava na UTI.

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