O risco iminente de elevação dos custos logísticos e do frete, com impactos diretos no comércio exterior, é uma das primeiras consequências do conflito Rússia-Ucrânia para Santa Catarina e o país na avaliação do presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar. A pedido da coluna, ele avaliou os impactos da instabilidade no Leste Europeu sobre o setor portuário, e lembrou que a provável elevação de custos tem efeito sobre insumos industriais que são importados desses países.
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– Caso se estenda e se amplie a dimensão do conflito, poderá afetar ainda mais a cadeia logística mundial e a navegação, já prejudicada pela pandemia. O mundo ainda sente os efeitos da crise dos contêineres, que, segundo especialistas, poderia ser superada no segundo semestre de 2022, mas a tensão geopolítica pode atrasar a volta à normalidade – diz.
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Os portos catarinenses movimentam volumes consideráveis de polímeros, que têm entre os fornecedores mundiais a Ucrânia e são utilizados, por exemplo, nas indústrias de embalagens plásticas para abastecer segmentos como o de alimentos e de tubos – caso da construção civil. Também há importação de fertilizantes, vindos da Rússia e usados como insumos na cadeia agroindustrial.
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– Tudo isso passa pelos portos e qualquer instabilidade na importação dessas mercadorias impacta de alguma forma a movimentação no estado e o processo produtivo das empresas – explica Aguiar, que completa :
– Mesmo que as empresas redirecionem a compra para outros países, serão impactadas pela alta dos preços das commodities.
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Vem mais inflação
Um dos desdobramentos mais prováveis da crise é justamente o aumento da inflação. O valor do petróleo em torno de U$100 o barril, com consequente aumento dos combustíveis e outros derivados, eleva a inflação mundial e reduz o poder de compra da população. Há também previsão de que outros produtos possam pressionar os preços, já que a Ucrânia e Rússia respondem por quase um terço das exportações globais de trigo (28%), um quinto das exportações de milho (18%) e 80% das exportações mundiais de óleo de girassol.
– Em Santa Catarina estamos enfrentando uma baixa na produção de milho em função das secas – lembra Aguiar.
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Apesar de produzirem menos do que outros grandes players globais, os dois países exportam uma grande parte do milho e trigo que produzem – o equivalente a 54%, mais da metade de toda a produção. Números como esse acenderam o sinal de alerta na economia global, mas o presidente da Fiesc ressalta que é um impacto secundário diante da tragédia humanitária provocada pela guerra.
-Embora estejamos avaliando os potenciais impactos econômicos, com aumentos de custos e riscos, a questão humana é a mais preocupante em qualquer guerra, que também tem fortes consequências sociais, com aumento do fluxo migratório no continente europeu, gerando graves situações para refugiados e aumento das tensões sociais.
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