A Vara Criminal de Camboriú iniciou o julgamento de três homens – entre eles um empresário e um engenheiro químico – que foram presos, em fevereiro deste ano, suspeitos de produzir drogas sintéticas em um laboratório em Rio dos Cedros, no Vale do Itajaí. O caso ficou conhecido como “Breaking Bad” , em referência à série de televisão norte-americana, em que um professor de química resolve ganhar dinheiro produzindo drogas.
Continua depois da publicidade
As proporções do laboratório, e a maneira como ele foi montado, foram considerados inéditos em Santa Catarina pela polícia.
Na sexta-feira (13) foram ouvidas as primeiras testemunhas. Nesta segunda (16), novas testemunhas de defesa, e os três presos, prestarão depoimento.
O julgamento ocorre em Camboriú porque partiram do fórum local os mandados de prisão da operação, que recebeu o nome de Psy Trance, em referência às festas de música eletrônica onde a droga costuma ser consumida. O caso era investigado pela Divisão de Investigações Criminais (DIC) de Balneário Camboriú, em parceria com a Polícia Federal de Itajaí.
Ao todo, nove pessoas foram presas na operação, mas o processo foi desmembrado. O julgamento que ocorre agora é dos presos que, para o Ministério Público e a polícia, eram os líderes do grupo. Na operação, foi apreendida matéria-prima suficiente para produzir 600 mil comprimidos de ecstasy. O que renderia à quadrilha o equivalente a R$ 18 milhões, segundo as investigações.
Continua depois da publicidade

Cooptado
O engenheiro químico preso tem 27 anos, formou-se no ano passado em Itajaí e morava em Balneário Camboriú. É um jovem de classe média-alta.
Para a polícia, ele foi cooptado por um dos líderes do grupo, que tinha a fórmula do MDA – matéria-prima do ecstasy – mas não sabia como produzir. O engenheiro está detido numa cela especial na Penitenciária da Canhanduba, em Itajaí, onde ficam presos que têm curso superior.
O que diz a defesa
O advogado Luiz Eduardo Cleto Righeto, que representa o engenheiro químico, diz que ele admite parcialmente o crime. Nega a associação para o tráfico de drogas, e a produção de entorpecentes.
A defesa alega que, como engenheiro químico, ele tem conhecimento diferente de alguém com formação específica em química. Conhece de logística e maquinário, e afirma que foi contratado especificamente para a montagem do laboratório – mas não para produzir a droga.
Continua depois da publicidade
O advogado também representa o empresário, preso na operação. Ele foi apontado pela polícia como um dos investidores do grupo. O processo afirma, ainda, que ele teria aberto empresas para lavar dinheiro do tráfico. Ele nega todas as acusações.