Presidente do Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares, que reúne a cúpula das polícias de cada estado no país, o comandante-Geral da PM em Santa Catarina, coronel Araújo Gomes, quebrou o silêncio sobre as reivindicações de policiais e bombeiros em uma entrevista ao Estadão, publicada neste sábado (22). O comandante falou sobre a responsabilidade dos praças na melhora dos índices de criminalidade do Brasil e a expectativa de reconhecimento.
Continua depois da publicidade
Para o movimento dos policiais, as afirmações do coronel são um indicativo de apoio. Os praças pedem reajuste de 40% em Santa Catarina – o que eleva o piso salarial para R$ 6 mil.
Na entrevista, concedida ao jornalista Felipe Frazão, o coronel diz que "policiais têm uma percepção de que, ao longo do ano que passou (2019), eles tiveram uma contribuição importante para a melhoria do País, na redução da criminalidade, no combate à criminalidade violenta. Isso vem sendo socialmente reconhecido e, de alguma forma, se traduz numa expectativa de reconhecimento por parte do Estado".
Questionado se essa resposta é esperada em remuneração, Araújo Gomes afirma que houve uma expectativa de recompensa remuneratória. Mas também em direitos e planos de carreira.
Continua depois da publicidade
Como porta-voz dos comandantes de todo o Brasil, o comandante-Geral da PM em Santa Catarina diz que não vê componente político no movimentos reivindicatórios país afora, e descarta a hipótese de que o reajuste de 41%, concedido em Minas Gerais, tenha inflamado os praças nos outros estados.
Afirmou, ainda que os comandantes ainda não avaliaram de que forma manifestações ou intervenções do presidente Jair Bolsonaro poderiam ter sobre os movimentos.
Consequências graves e rigorosas
Araújo Gomes também defendeu consequências "muito graves e rigorosas" para situações como a do Ceará, onde policiais mascarados e armados causaram terror. "Não se pode imaginar que forças armadas possam reivindicar sem limites, porque elas têm uma capacidade de produzir estrago muito grande, de produzir medo".
Mas afirmou que, em Santa Catarina, as manifestações são "ordeiras, pacíficas" e há bom diálogo com as associações, indicando que o impasse estaria próximo de uma solução.
Continua depois da publicidade
Negociação
As declarações vêm um dia após a última negociação entre os praças e o Governo do Estado, em Santa Catarina, ter terminado com uma proposta de 17,5%, em quatro parcelas – abaixo dos 40% de reajuste que fazem parte da lista de reivindicações dos policiais e bombeiros.
Diante do cenário, o presidente da Associação dos Praças de Santa Catarina (Aprasc), João Carlos Pawlick, avaliou como positiva a manifestação do comandante-Geral:
– (Araújo Gomes) Transmitiu que a Polícia Militar de Santa Catarina, que cumpre seu papel, é técnica, tem que ser valorizada desde a sua base. Creio que ele deu um passo positivo, apesar de não ter comparação entre SC, que é superavitária, com um estado como Ceará ou Minas Gerais. Serve para o governador dar uma olhada.
O Governo do Estado informou que não vai se posicionar sobre a entrevista do coronel Araújo Gomes. Em relação às negociações, informou, em nota, que "o governo apresentou um conjunto de propostas, levando em consideração as reivindicações das categorias e a responsabilidade com o necessário equilíbrio orçamentário e financeiro do estado".
Continua depois da publicidade
Procurado pela coluna, na manhã deste sábado, para falar sobre a entrevista ao Estadão, o comandante-Geral não deu resposta.
Participe do meu canal do Telegram e receba tudo o que sai aqui no blog. É só procurar por Dagmara Spautz – NSC Total ou acessar o link: https://t.me/dagmaraspautz