Às vésperas de um novo capítulo na negociação entre o Governo de Santa Catarina com policiais e bombeiros militares, que fazem nesta quarta-feira (4) uma reunião para decidir se aceitam a oferta do Estado, o comandante Geral da Polícia Militar em Santa Catarina e presidente do Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares, coronel Araújo Gomes, falou à coluna sobre a situação das negociações e a conjuntura no país.

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As respostas, enviadas por escrito, mostram otimismo do coronel em relação ao futuro do movimento dos policiais e bombeiros no Estado. Araújo Gomes diz não acreditar que um governador militar tenha pesado na lista de demandas – mas evitou falar sobre a relação entre o governo de Santa Catarina e o governo federal.

Entrevista: Coronel Araújo Gomes

Os praças afirmam não ter reposição desde 2013 em SC, e agora veio essa cobrança mais forte. Em que ponto o fato do governador ser militar pesa nessa reivindicação?

A discussão é remuneratória e esta questão deve ser uma agenda comum a maioria das categorias do funcionalismo na data base.

Matéria da Folha de S. Paulo, no último sábado, mostra que a insatisfação ocorre também em outros governos alinhados a Bolsonaro. O fator político é superado pelas demandas de classe?

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Não vejo relação. O principal movimento reivindicatório deste ano ocorreu no Ceará, cujo governo é do PT.

O senhor considera o governo de SC, hoje, alinhado ao governo federal?

Esta questão está fora da minha esfera de avaliação e manifestação.

Até onde a identificação das tropas com Bolsonaro tem peso na mobilização dos policiais no país?

A agenda dos policiais é reivindicatória e remuneratória. Além disso, movimentos reivindicatórios de policiais sempre aconteceram. Segundo levantamento do estudioso José Vicente Tavares, entre 1997 e 2017 ocorreram 715 movimentos grevistas, sendo 52 de PMs.

Por que essas revoltam explodem neste momento? Que avaliação de conjuntura faz?

Os comandantes que integram o Conselho Nacional avaliam que os movimentos, que já aconteceram no passado, como demonstra o estudo de José Vicente, são influenciados por um conjunto de aspectos locais e regionais específicos: tempo sem reajuste de remuneração, qualidade do canal de interlocução com o comando e o governo, condições de trabalho, suporte e reconhecimento aos policiais, entre outros.

Qual a perspectiva para a situação de Santa Catarina?

A perspectiva é boa. Há interlocução do Governo com os policiais através dos comandos e das associações e disposição para promover ajustes e reposições.

Isso deve resultar na construção de uma proposta aceitável e possível de ser cumprida.

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Como a associação de comandantes enxerga a evolução da situação no país?

O CNCG comemora a queda da criminalidade. Após décadas de piora, no ano passado tivemos reduções expressivas no número de mortes violentas e roubos, além de aumento na apreensão de drogas ilegais e bens ligados ao crime.

O senhor concorda com quem diz que a Polícia Militar pode se tornar uma “milícia nacional”?

Discordo de quem afirma que a Polícia Militar pode se tornar uma "milícia nacional", no sentido de instituição que atua em defesa de interesses particulares.

Ignora a importância histórica, a relevância social, o papel institucional e a evolução destas corporações em nível nacional.

Olhando para o que acontece no Ceará, o senhor acha que os PMs amotinados merecem anistia?

O CNCG (Conselho Nacional dos Comandantes Gerais) não entra nesse mérito, que é local e só pode ser avaliado por quem tem acesso às informações necessárias para isso.

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