Enquanto as eleições por aqui “pegam fogo”, cerca de 100 mil catarinenses estão de olho em outra votação, que será totalizada a um oceano de distância. São brasileiros com cidadania italiana, que têm direito a escolher representantes no Parlamento da Itália. Santa Catarina é o segundo estado brasileiro em número de eleitores, atrás apenas de São Paulo. Entre os candidatos há nomes conhecidos, como o do ex-embaixador Andrea Matarazzo, e o do ex-campeão de Formula 1 Emerson Fittipaldi.
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Os cidadãos italianos que vivem na América do Sul elegem representantes locais, que responderão pelos seus interesses na Itália. Desta vez, escolherão um senador e dois deputados. Até 2018, a região tinha direito ao dobro de representantes – mas a América do Sul foi penalizada depois que um dos senadores, argentino, foi cassado por fraude. Ele foi acusado de manipular a votação.
Os eleitores recebem as cédulas pelo correio, registram o voto e depois enviam para a Itália ou para o consulado no Brasil. As cédulas começam a chegar aos destinatários nos próximos dias, e os ítalo-brasileiros têm até 18 de setembro para o reenvio.
São 32 candidatos nos países sul-americanos – 20 concorrem à Câmara Federal, e outros 12 ao Senado. Andrea Matarazzo e Emerson Fittipaldi concorrerão a senador. Matarazzo, pelo Partido Socialista Italiano, de centro-esquerda. Fittipaldi, pela legenda de extrema-direita Irmãos da Itália.
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A líder do partido de Fittipaldi, Georgia Meloni, é uma apologista do ditador fascista Benito Mussolini e favorita para o cargo de primeira-ministra.
Tempero brasileiro
As eleições italianas ganharam “tempero” de política brasileira nas últimas semanas, quando Eduardo Bolsonaro se lançou na campanha por Fittipaldi, que é próximo ao presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-piloto não foi localizado para comentar a campanha. Já Andrea Matarazzo se diz contrário a misturar as eleições italianas com a brasileira. Ele se apresenta como independente, sem “padrinhos”.
A principal disputa, no entanto, deve se concentrar em outra rivalidade: Brasil e Argentina. Ocorre que o numero de cidadãos italianos na Argentina é quase o dobro do brasileiro – 800 mil lá, contra pouco mais de 400 mil aqui. Diante disso, os “hermanos” ficam historicamente com a maioria das vagas, especialmente para o Senado. A mobilização é para que, desta vez, o Brasil consiga eleger um senador.
– É um senador como os outros, com as mesmas obrigações e direitos, mas com uma função a mais, de representar italianos que estão em outros territórios. Fazer a Itália perceber a potência que tem fora da Itália, em termos de cidadãos. O maior plantador de soja do mundo é um cidadão italiano, Blairo Maggi. Na Medicina, o papa do transplante de fígado, Silvano Raia, é um cidadão italiano em São Paulo. Eles ficam fascinados com isso – diz Matarazzo, que foi embaixador em Roma.
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Entre as principais demandas dos candidatos brasileiros estão a desburocratização de processos – hoje, a obtenção de cidadania pode levar até 10 anos – e a extensão do direito de cidadania aos descendentes.
– Apelo, a quem tem cidadania, que votem. E que analisem para eleger alguém que chegue com prestigio, representatividade. Não dá para aprender na cadeira de Senador – diz Matarazzo.
No dia 9 de setembro, os candidatos estarão reunidos em um debate, que será transmitido pela TV Câmara, da Câmara dos Deputados. O debate é promovido pelo Grupo Parlamentar Brasil-Itália, Revista Comunitá Italiana, Câmara dos Deputados e Consiglio Generale Delle Italiani all´Estero.
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