O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe, junto com outras 36 pessoas – entre elas, alguns dos militares de alta patente que integraram o governo – fecha o cerco sobre o golpismo e sinaliza a resistência da democracia brasileira.

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O inquérito, com mais de 800 páginas, inclui desde a produção de desinformação nas redes sociais, especialmente sobre a lisura das eleições, até a operacionalização da tentativa de assassinato do presidente Lula (PT), do vice, Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes – a mais recente descoberta dos investigadores.

Bolsonaro e mais 36 pessoas são indiciadas pela Polícia Federal por tentativa de golpe

Foram quase dois anos de investigação e inúmeras operações para coleta de provas, que ajudaram a robustecer o inquérito. Ali está a radiografia da tentativa de golpe, para além da omissão das Forças Armadas quanto aos acampamentos em frente aos quartéis e da invasão criminosa das sedes dos Três Poderes, executada pela massa de manobra.

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É simbólico que o fechamento da investigação sobre a tentativa de golpe ocorra uma semana depois das explosões criminosas nas imediações do Supremo Tribunal Federal, fruto do fanatismo e da radicalização política alimentadas pelo golpismo. Mas não só.

Quem são os indiciados por tentativa de golpe de Estado junto de Bolsonaro

A finalização do inquérito é uma prova concreta de que a democracia persiste. Somente em um regime democrático seria possível investigar e indiciar autoridades, inclusive militares. Nunca é tarde para lembrar que, em sentido oposto, foram necessárias mais de duas décadas para abrir os arquivos da ditadura e instaurar a Comissão da Verdade.

O golpismo só está cercado porque os pesos e contrapesos da democracia brasileira sobrevivem, assim como as instituições. Mas só terão cumprido seu papel se houver efetiva punição aos envolvidos, após o processo legal.

O golpe militar de 64 legou para a história brasileira a lição de que não pode haver leniência contra o golpismo. Não há espaço para anistia.

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