A inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é dada como certa nos bastidores e deve se confirmar nesta quinta-feira (29). Com isto, a figura mais carismática da direita nacional, responsável por provocar sucessivas ondas que carregaram nomes para dentro do Congresso e dos legislativos estaduais, estará impedida de disputar eleições e deixará um vácuo. A pergunta é para onde vai a direita com Bolsonaro fora do jogo.

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Há fontes de diferentes lados no espectro político que apostam num fortalecimento do bolsonarismo – especialmente se Bolsonaro se colocar no papel de vítima, de injustiçado. Por outro lado, também há análises de que, inelegível, o ex-presidente terá gradualmente menos influência no jogo político. Especialmente se o governo Lula conseguir bons resultados na economia. Em ambos os cenários, a direita terá que se reorganizar.

O espólio de Bolsonaro está em aberto. Bolsonaristas em Santa Catarina, dentro e fora do PL, apostam nos mesmos nomes que estão “pipocando” nacionalmente –Romeu Zema (Novo), Ratinho Junior (PSD) e, em especial, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos). Todos são próximos do governador Jorginho Mello. Curiosamente, o nome de Michelle Bolsonaro (PL) não aparece entre as apostas na política catarinense para herdar os eleitores bolsonaristas.

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A dúvida é se um nome alternativo terá a mesma força de Bolsonaro, ou se o eleitorado vai se dividir. O primeiro teste será nas eleições municipais do ano que vem. O PL usará o ex-presidente como cabo eleitoral. Valdemar da Costa Neto já informou que o partido vai bancar um tour pelos estados. Conta com o toque de Midas de Bolsonaro para alavancar o número de prefeituras.

A tendência é que isso ocorra em estados como Santa Catarina, que tem uma conjuntura favorável ao partido. De carona na “nova onda” Bolsonaro, o PL governa o Estado e tem a maior representação na bancada – fatores que devem aumentar o número de vereadores e prefeitos eleitos.

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Em 2026, no entanto, o jogo estará em aberto. Sem Bolsonaro, a polarização política que o Brasil viveu ao longo dos últimos anos também enfraquece. E outra questão em aberto é até onde Bolsonaro inelegível ajuda ou prejudica Lula. Os dois se colocaram como lados opostos, e a rejeição a um alimentou a votação de outro – um fenômeno que foi possível porque as duas figuras mais populares da política nacional se enfrentaram nas urnas. O PT conseguirá a reeleição com um candidato menos estridente à direita? A esquerda, como a direita, terá um cenário novo a encarar.

Ao julgar Bolsonaro, o TSE fecha um ciclo e abre uma caixa de perguntas.

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