A descoberta do primeiro caso de Covid-19 em Santa Catarina causado pela nova variante, conhecida como P.1, acende o alerta para o risco de disseminação dessa forma da doença, considerada mais transmissível. Para o epidemiologista Pedro Hallal, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o risco de circulação da nova variante deveria impor reforço nas estratégias de identificação e medidas mais restritivas.
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– Uma coisa que as pessoas entenderam errado no Brasil, até pela politização, pela polarização, é que se trata de tudo ou nada, e não é assim. É recomendado aumento da restrição, mas se não é possível fazer 100%, porque a população não aguenta mais, vamos fazer o máximo que conseguimos.
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O epidemiologista avalia que comércio e indústrias, por exemplo, têm em geral protocolos bem feitos e eficientes. Mas chama atenção para as aglomerações – motivo de preocupação em meio ao feriado de Carnaval.
– É onde deveríamos nos manter mais rigorosos, e o pessoal tem fraquejado nisso. Aglomeração, festa com 100 pessoas, é para depois da pandemia, quando estiver todo mundo vacinado.
A pedido da coluna, o especialista elencou cinco pontos de atenção para SC, diante da chegada da nova variante.
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1- Ampliar testagem
“Testagem não é para contar caso, é para identificar cedo quem está com o vírus e evitar que essa pessoa passe para outras. Se o vírus, nessa variante, é mais contagioso, isso é mais importante ainda. Quanto mais cedo eu identificar, mais cedo eu evito que essa pessoa ande na rua já estando contaminada”.
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2- Rastreamento de contatos
“Esse é o nosso pior (indicador), nele o Brasil não faz nada. Posso usar meu exemplo pessoal: eu tive Covid, fui recomendado a procurar atendimento médico, a ficar em casa, mas ninguém me perguntou quem foram as pessoas com quem tive contato nos dias anteriores ao diagnóstico. E isso seria absolutamente prioritário, porque a Vigilância poderia ir atrás dessas pessoas. Eu poderia num aplicativo, por exemplo, preencher nome, telefone, e-mail das pessoas com as quais eu tive contato. A vigilância poderia ir atrás dessas pessoas, pedir que elas se testassem, e inclusive ficassem em casa preventivamente”.
3- Distanciamento
“Esse o Brasil faz um pouco. (Consiste em ) Evitar aglomerações, manter um nível de abertura das atividades compatível com o estágio da pandemia. No momento em que se tem uma variante nova, que é mais transmissível, tem que apertar mais o cerco do distanciamento e usar medidas mais restritivas”.
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4- Proteção individual
“Uso de máscara, higiene das mãos, evitar tocar na boca, nariz e olhos. Desses, é o (indicador) em que o Brasil é menos ruim porque depende da população, não do gestor. Tem que continuar e intensificar essas ações nesse momento da nova variante”.
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5- Restrições de circulação ou fechamento de fronteiras
“Essa é uma estratégia que alguns lugares usaram para dar conta dessa variante. Vários lugares não estão aceitando a entrada de brasileiros devido à variante. Isso poderia ser feito no tanto no nível nacional, quanto estadual. Poderíamos ser muito rigorosos nos controles de fronteiras estaduais, para identificar e impedir que circule”.
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E agora?
Para o epidemiologista, a ampliação de testagem, rastreamento de contatos e restrição de circulação são os pontos mais críticos da lista de recomendações. Por isso, avalia que reforçar ações de proteção individual e distanciamento – estratégias às quais as pessoas estão habituadas – pode ajudar no controle.
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