O anúncio do prefeito Volnei Morastoni (MDB), de que introduzirá a aplicação retal de ozônio como parte do tratamento para Covid-19 em Itajaí, levou a cidade a figurar entre os assuntos mais comentados – e as piadas – do Twitter. De anônimos a famosos, de influenciadores a políticos. Quem pode, tira uma casquinha.

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O site do jornal britânico The Guardian citou o tratamento inusitado. E até o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, fez graça com a iniciativa catarinense. Em tom de campanha, prometeu não repetir a experiência com os cariocas.

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> Prefeito de Itajaí sugere aplicação retal de ozônio para tratar coronavírus

Itajaí não merecia passar essa vergonha. A cidade que entrou na pauta de todo o país (e do mundo) nesta manhã vive um período de reconciliação com seus valores e sua identidade. Depois de ter ficado conhecida, décadas atrás, por liderar o ranking de HIV/Aids no país, deixou o rótulo e a liderança para trás. Reconstruiu-se após a pior enchente de sua hitória recente, que deixou 80% do território embaixo d´água. E, depois de ter virado as costas para o rio que lhe deu o nome, encontrou seu potencial turístico.

Itajaí é uma cidade em plena redescoberta, com novas matrizes econômicas em desenvolvimento e as antigas atividades potencializadas. É sede de um dos maiores complexos portuários brasileiros, junto com a vizinha Navegantes, e carrega o título de maior polo pesqueiro do Brasil, de onde sai o pescado que abastece boa parte do país. Nos últimos anos, conquistou a maior renda per capita de Santa Catarina e o segundo maior PIB do Estado.

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Itajaí tem uma indústria náutica expressiva e uma indústria naval offshore de primeira linha – prova disso é a escolha para sediar a construção de fragatas para a Marinha do Brasil, que está prestes a iniciar. É a cidade do maior Festival de Música de Santa Catarina e de um dos mais conhecidos festivais de teatro do Sul do país. Das praias feitas para o surfe e das construções históricas.

A pandemia, no entanto, a levará a ser lembrada pela aposta em políticas públicas experimentais, sem respaldo científico, que fizeram a cidade virar piada nacional. Enquanto o Brasil inteiro acha graça da mais nova iniciativa para tentar conter a doença, a Covid-19 não dá trégua e já ceifou a vida de mais de 100 itajaienses. E isso não tem graça. Itajaí não merecia passar essa vergonha. E muito menos viver essa tragédia.

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