Ser “patriota” nunca esteve tão na moda no Brasil. Vestir verde e amarelo, pendurar a bandeira na janela e cantar o hino nacional fazem parte do pacote do novo ‘orgulho brasileiro’. Um patriotismo muito devotado aos símbolos, mas desconectado do conceito de pátria, de nação.

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O recente ufanismo brasileiro, que coloca a mão no peito frente à bandeira nacional, é o mesmo que não se comove diante da perda de mais de 126 mil conterrâneos para a pandemia, e insiste em andar por aí sem máscara, em meio a desnecessárias aglomerações. O que coloca as outras pessoas em risco, em nome da liberdade individual.

Não há patriotismo em considerar que as vidas dos idosos e os que têm doenças preexistentes no Brasil – as chamadas ‘comorbidades’ – são um sacrifício justificável para que o país possa voltar ao “normal”. Nem em impor o hino nacional nas escolas, mas não se importar que uma boa parcela delas não tenha condições de retomar as aulas por falta de algo tão básico como água e sabão.

Não se trata, amigo leitor, de uma crítica ao sentimento patriótico. Mas da percepção de que nossos símbolos foram sequestrados por um patriotismo aparente, sectário, incapaz de abraçar nossa cultura, nossas crenças, nossa gente. Um orgulho autocentrado, por um conceito deturpado de nação.

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Sem um sentimento genuíno, o patriotismo à brasileira parece tão controverso quanto o episódio da independência, celebrado neste 7 de Setembro. O grito de Dom Pedro I às margens do Ipiranga não nos livrou do destino de colônia. Separou o Brasil de Portugal, mas sob o jugo da monarquia e de uma baita dívida externa.

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