A Polícia Militar atendeu duas ocorrências de farra do boi entre a tarde de sábado e a madrugada deste domingo. Na primeira delas, em Porto Belo, o animal estava acuado no costão da Praia do Araçá, e as equipes que tentavam fazer o resgate foram ameaçadas pelo grupo de farristas, que arremessavam pedras e outros objetos contra as viaturas. Ruas foram trancadas com redes de pesca, um barco e entulho, e foi necessário solicitar reforço à polícia em outros municípios.

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A PM de Porto Belo, que tinha apenas uma viatura disponível, e precisava garantir a integridade dos servidores do resgate, passou 10 horas afastada das ruas e não pode atender mais nenhuma ocorrência. Os farristas conseguiram fugir e ninguém foi preso.

Mais tarde, em Bombinhas, um boi foi solto e maltratado na Praia de Zimbros. A maioria dos farristas fugiu, mas quatro foram detidos – responderão a termo circunstanciado. Nesse caso, foram quatro horas de empenho da viatura. A Polícia Militar registrou na ocorrência que o município não demonstrou interesse em resgatar o animal, o que atrasou o atendimento.

Sadismo, crueldade e falta de punição

Os defensores da farra do boi, na época em que ela foi criminalizada, afirmavam que se tratava de uma tradição cultural. Ocorre que a tal “tradição” era no período que antecede a Páscoa. Não há qualquer justificativa para a sessão de tortura a que são expostos os animais nessas sessões. E, pela data escolhida, percebe-se que nem o argumento da “cultura” persiste mais.

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É sadismo, é crueldade. Não há outra maneira de adjetivar uma prática criminosa, que expõe o animal ao medo e à dor, para o prazer da plateia. E só há uma explicação para que o façam fora do período da Páscoa: escapar da polícia e da lei.

Cidades como Porto Belo e Bombinhas são pequenas, de pouco policiamento, e os farristas sabem disso. Preferem expor a comunidade a ficar sem atendimento do que domar seus instintos de crueldade.

Santa Catarina avançou ao tornar crime a farra do boi. Precisa aumentar a punição, porque um termo circunstanciado não vai frear o ímpeto dos farristas. Trata-se de respeito ao animal, à comunidade e à polícia.