Tão evidente quanto os problemas de saúde que acometeram o presidente da República, internado em São Paulo desde quarta-feira (14) com obstrução intestinal, é o fato de que seu martírio veio a calhar para uma gestão em crise. A situação do governo Bolsonaro é grave. Encrencado na CPI da Covid e com a popularidade em baixa – como mostrou a última pesquisa Datafolha, que apontou 51% de reprovação – o “bolsonarismo no poder” está na UTI. Políticos experientes já antecipam que o quadro pode ser irreversível.
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Somadas a esse desgaste estão as denúncias de suposto envolvimento do presidente nas rachadinhas – um belo trabalho de reportagem da jornalista catarinense Juliana Dal Piva, colunista do Uol. Eis o caldo de preocupações que rendeu ao presidente incômodos e persistentes sintomas ao longo das últimas semanas.
Nervosismo e desespero não fazem bem a ninguém. Muito menos a quem, como Bolsonaro, tem histórico de problemas gástricos. Parecem ter dado causa à interminável crise de soluços do presidente, primeiro sinal visível de que algo ia mal.
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Sem saída e encurralado no hospital, Bolsonaro aproveita o drama para posar de mártir. Ao que parece, a família do presidente tenta repetir a fórmula de 2018, quando a facada desferida pelo desequilibrado Adélio Bispo turbinou a imagem de vítima do capitão – do “establishment”, da “esquerda”, “disso tudo que tá aí” – e ajudou a elegê-lo.
A foto do presidente semidesnudo em uma cama de hospital, divulgada na quarta-feira (14) nas redes sociais, apela para o sentimento de compaixão dos brasileiros. Aquele que faltou a Bolsonaro enquanto brasileiros morriam sem ar.
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Assim como as tantas vítimas da pandemia pelas quais seu governo demonstrou desprezo, o presidente merece viver. Que Bolsonaro se recupere bem e o mais rapidamente possível. Até porque ele tem muitas satisfações e respostas para dar.
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