O presidente Jair Bolsonaro acenou com a bandeira branca ao divulgar a carta em que faz um mea culpa e tenta se redimir pelas estocadas na democracia que desferiu no feriado de Sete de Setembro. O que acuou o presidente não foram as palavras mais ácidas nos discursos dos presidentes do STF, Luiz Fux, e do TSE, Luiz Roberto Barroso, mas a falta de controle sobre os caminhoneiros que trancam as estradas e a sirene ligada para um processo de impeachment.

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Sinal de arrependimento? Não, movimento estratégico. Como um adolescente rebelde que testa insistentemente seus limites, o presidente esticou a corda mais um pouco para ver até onde iria desta vez. Fez disparar o dólar, provocou queda na Bolsa de Valores e incomodou setores da economia que o apoiam e viram suas cargas paradas nas rodovias. Recuar era a única cartada possível.

É simbólico que o nome escolhido para redigir a carta e organizar o hasteamento da bandeira de paz tenha sido o do ex-presidente Michel Temer, exímio estrategista e conhecido por não dar ponto sem nó. É provável que da conversa entre os dois tenham saído conselhos para que Bolsonaro conquiste uma mínima estabilidade até o fim do governo. Só que esse não é o perfil do presidente.

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Mais dia, menos dia, Bolsonaro voltará a atacar as instituições. Talvez mude de alvo, talvez insista nas mesmas pautas. A artilharia retornará à ativa porque essa é a tônica do governo, seu modus operandi. Até lá, o mercado e os otimistas acreditarão que Bolsonaro amenizou o discurso e está disposto a apaziguar o país.

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