Uma postagem do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no twitter, neste domingo, surpreendeu o setor pesqueiro. Ele afirmou que o governo discute projetos para reduzir o esforço de pesca no Brasil, com a redução no número de embarcações, e a inclusão de pescadores em programas de turismo ambiental, como o mergulho.
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A medida tem reflexos em Santa Catarina. O Estado concentra o maior polo pesqueiro do país, em Itajaí, com cerca de 400 barcos industriais associados.
O Secretário de ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente, Gilson Machado Neto em conversas constantes com o Secretário da Pesca, @jorgeseif , discutem projetos embrionários de redução de frota pesqueira e inclusão dos pescadores como pioneiros no setor de turismo e preservação.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 17 de março de 2019
O secretário nacional de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Junior, ressaltou que o projeto ainda é embrionário. Mas disse que a ideia, discutida em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, converge com políticas internacionais ligadas ao tema.
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_ A frota estimada no Brasil hoje é de 80 a 100 mil embarcações. Temos menos de 2 mil controladas. Ao longo dos anos, devido a planejamento insuficiente, falta de estatística pesqueira e erros de gestão, identificamos que existem esforços (de pesca) muito grandes.
A ideia é reduzir esforços de pesca, aumentar o turismo de mergulho e pesca esportiva e criar novos recifes com embarcações naufragadas como já é feito no mundo todo gerando um ambiente de consciência, preservação e empregabilidade natural.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 17 de março de 2019
O secretário não especificou onde estão os maiores problemas, mas disse que o governo pretende oferecer uma oportunidade para quem quiser deixar a atividade pesqueira. Segundo ele, o maior desafio do projeto é o financiamento. O governo avalia buscar ajuda internacional.
– Poderemos esvaziar esses esforços (de pesca) fazendo com que os remanescentes tenham maior produção e mais controlada. Hoje não temos controle e isso é gravíssimo – afirmou.
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Seif diz que a medida não contraria o posicionamento do presidente de aumentar o consumo de pescado no Brasil. Segundo ele, em todo o mundo tem aumentado o consumo de pescado vindo da aquicultura e da maricultura, e não da pesca extrativista.
– Estamos indo em direção à sustentabilidade e ao preservacionismo. Foram emitidas licenças indiscriminadamente – avalia.
André Matos, presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria da Pesca na Fiesc, diz que redução é necessária. Ele já havia apresentado uma proposta semelhante ao governo federal, ainda durante a vigência do extinto Ministério da Pesca.
– Tivemos uma crescente desordenada. A única maneira de organizar o setor, de ter futuro no extrativismo, é reduzir. Mas precisamos saber como vai ser. Quem tem o barco tem um bem, precisará ser indenizado.
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