Uma postagem do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no twitter, neste domingo, surpreendeu o setor pesqueiro. Ele afirmou que o governo discute projetos para reduzir o esforço de pesca no Brasil, com a redução no número de embarcações, e a inclusão de pescadores em programas de turismo ambiental, como o mergulho.

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A medida tem reflexos em Santa Catarina. O Estado concentra o maior polo pesqueiro do país, em Itajaí, com cerca de 400 barcos industriais associados.

O secretário nacional de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Junior, ressaltou que o projeto ainda é embrionário. Mas disse que a ideia, discutida em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, converge com políticas internacionais ligadas ao tema.

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_ A frota estimada no Brasil hoje é de 80 a 100 mil embarcações. Temos menos de 2 mil controladas. Ao longo dos anos, devido a planejamento insuficiente, falta de estatística pesqueira e erros de gestão, identificamos que existem esforços (de pesca) muito grandes.

O secretário não especificou onde estão os maiores problemas, mas disse que o governo pretende oferecer uma oportunidade para quem quiser deixar a atividade pesqueira. Segundo ele, o maior desafio do projeto é o financiamento. O governo avalia buscar ajuda internacional.

– Poderemos esvaziar esses esforços (de pesca) fazendo com que os remanescentes tenham maior produção e mais controlada. Hoje não temos controle e isso é gravíssimo – afirmou.

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Seif diz que a medida não contraria o posicionamento do presidente de aumentar o consumo de pescado no Brasil. Segundo ele, em todo o mundo tem aumentado o consumo de pescado vindo da aquicultura e da maricultura, e não da pesca extrativista.

– Estamos indo em direção à sustentabilidade e ao preservacionismo. Foram emitidas licenças indiscriminadamente – avalia.

André Matos, presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria da Pesca na Fiesc, diz que redução é necessária. Ele já havia apresentado uma proposta semelhante ao governo federal, ainda durante a vigência do extinto Ministério da Pesca.

– Tivemos uma crescente desordenada. A única maneira de organizar o setor, de ter futuro no extrativismo, é reduzir. Mas precisamos saber como vai ser. Quem tem o barco tem um bem, precisará ser indenizado.

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