O presidente Jair Bolsonaro desfiou um rosário de mentiras e fez do púlpito da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, um upgrade do cercadinho do Alvorada – para vergonha dos brasileiros. O discurso desconexo, que soou como um amontoado de notas reunidas de última hora, brindou o mundo com uma amostra da intelligentsia bolsonarista, onde não faltaram referências à “ameaça socialista”, à “família tradicional” e defesa da cloroquina. Um vexame.
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Bolsonaro diz que Brasil estava “à beira do socialismo” em Assembleia da ONU
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Alçado ao grupo dos mandatários exóticos da Assembleia Geral da ONU, Bolsonaro não decepcionou a plateia estrangeira que esperava pelas bravatas. O discurso foi a cereja do bolo em uma viagem que começou com pizza na calçada por falta de vacinas e seguiu marcada por obscenidades. Vide o dedo do meio do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o “moderado” chanceler Carlos França fazendo arminha com as mãos e apontando contra manifestantes.
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Nada disso combina com a tradição da política externa brasileira nem representa o país, mas as imagens foram celebradas pelos súditos do presidente nas redes sociais. Mito! Mito!
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O mais dramático desse show de horrores de repercussões planetárias é que ele não cola apenas na patética entourage de Bolsonaro. Ao mentir e omitir informações sobre corrupção, economia e preservação ambiental em discurso, ao apresentar ao mundo um Brasil reacionário e preconceituoso, ao rejeitar o passaporte da vacinação, o presidente causa prejuízo aos brasileiros. A ingerência da pandemia e a instabilidade política têm efeito nos nossos bolsos, nas nossas viagens, em nossa saúde mental, em nossa expectativa de vida.
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Apesar disso, os otimistas continuarão acreditando que é possível confiar na capacidade de moderação do presidente da República. E que 2022 está logo ali.
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