O novo aumento anunciado pela Petrobras, agora no diesel, vai parar na inflação dos alimentos e – todos sabemos – no bolso. A companhia aplica o reajuste para equiparar os preços no Brasil ao mercado internacional, cotado em dólar. Com o barril de petróleo em alta e o real em baixa, o déficit não para de aumentar.

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) reclama, não sem razão, que a estatal aplica reajustes sucessivos enquanto registra lucros exorbitantes – até quatro vezes maiores do que outras gigantes mundiais do setor, o que mostra que há um problema nessa equação.

O que o governo federal omite é que é ele mesmo o maior acionista com poder de voto na Petrobras, dono de 50% dessas ações. Por isso uma eventual mudança no sistema de preços passaria, sim, por articulação governamental.

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Bolsonaro nomeia o presidente da companhia e troca conselheiros – cartas na manga que usou mais de uma vez ao longo dos últimos meses para provar que o governo tem se mexido. Só que nada disso fará diferença no preço dos combustíveis porque a politica da empresa é gerida por regras postas, que qualquer um que estiver no comando terá que seguir.

A conta, de fato, não é simples. Temos petróleo, mas faltam refinarias e importamos combustível processado. Os especialistas indicam risco de desabastecimento caso a Petrobras opte, de uma hora para a outra, por mudanças no sistema de paridade internacional – além do desgaste com os acionistas – entre eles, grandes investidores internacionais que estão faturando alto e satisfeitos com os resultados. 

Mas o fato é que modelo atual tem turbinado a inflação e estrangulado a renda dos brasileiros. 

O governo tem proposto soluções periféricas para não atacar de frente o problema, o que exigiria empenho e articulação. Para não fazer a egípcia, mexeu nas alíquotas e os governadores fizeram o mesmo – com impacto prático perto de zero para o consumidor final. O fato é que existem outros caminhos para buscar uma solução mais urgente, como a articulação de projetos no Congresso Nacional que tentam frear o trem desgovernado dos preços. Um deles propõe um Fundo de Estabilização para equilibrar os valores. A proposta ainda está em discussão, mas tem pouca perspectiva de ser aceita pelo governo porque partiu da oposição.

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Enquanto Bolsonaro reclama e tenta terceirizar mais esta crise, a alta no preço dos combustíveis está tornando a situação econômica das famílias insustentável. O último levantamento do Dieese aponta que o salário mínimo no Brasil, em abril, deveria ser de R$ 6,7 mil para dar conta do custo de vida. Cinco vezes maior.

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Sem respostas para dar que não passem por soluções difíceis, o governo aposta nas cortinas de fumaça. De preferência, a densa fumaça do óleo diesel dos tanques.

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