“E daí?”. O presidente Jair Bolsonaro usou uma interjeição, na terça-feira à noite, para responder aos repórteres sobre o fato do Brasil ter ultrapassado a China em número de mortos pela covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. E não uma interjeição qualquer, mas uma que, segundo o Dicionário Informal da Língua Portuguesa, que trata das nossas expressões idiomáticas, é usada para retratar indiferença.
Continua depois da publicidade
Bolsonaro tentou emendar. Mas falhou miseravelmente. Disse que a vida é assim, que as pessoas morrem mesmo, e que a maioria dos que faleceram já eram idosos. Não poderia ter sido mais infeliz.
Esquece, talvez, que fala sobre brasileiros. Sobre os milhões de cidadãos a quem representa. No dia em que as mortes por covid-19 ultrapassaram a marca de 5,3 mil no Brasil, as afirmações que fez pegariam mal até numa conversa de bar. Na boca do presidente da República, são um ultraje.
Os fiéis seguidores dirão que o presidente é autêntico, que não segue a cartilha do “politicamente correto”. Bolsonaro é muito mais que isso. Ao fazer pouco caso das mortes de mais de 5 mil brasileiros, ele mostra que lhe falta humanidade.
Uma das qualidades mais essenciais a um líder é a empatia. Não importa qual o viés ideológico que adote, qual o entendimento que tenha do mundo. Direita, esquerda, centro. Se não consegue se colocar no lugar do outro, falta-lhe uma habilidade fundamental a quem quer comandar um país.
Continua depois da publicidade
As palavras do presidente da República importam. Têm significado. Bolsonaro se diz perseguido pela repercussão que têm seus escorregões porque não compreendeu ainda o seu papel.
Diante da mais grave crise sanitária mundial da história recente, temos um presidente que não é capaz de uma mensagem genuína de conforto. Que, ao invés de tranquilizar os brasileiros, mostra-se uma inesgotável máquina de gestar crises.
O estilo de Bolsonaro não é novidade – foram 30 anos de mandato parlamentar. Pelo histórico, não era razoável acreditar que a faixa presidencial o levasse a adotar a polidez no discurso. Mas os brasileiros esperam e merecem, no mínimo, mais respeito.
Participe do meu canal do Telegram e receba tudo o que sai aqui no blog. É só procurar por Dagmara Spautz – NSC Total ou acessar o link: https://t.me/dagmaraspautz
Continua depois da publicidade