O presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu abertamente, nesta quarta-feira (15), que interferiu no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em represália à descoberta de vestígios arqueológicos em uma obra do empresário catarinense Luciano Hang. A fala, divulgada pelo site Metropoles, ocorreu durante uma visita do presidente e do ministro de Economia, Paulo Guedes, à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

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Bolsonaro não apenas confirma que demitiu o comando do Iphan em resposta à interrupção de obras da Havan. Ele também afirma que não sabia, até então, o que era o instituto que responde pela proteção do patrimônio nacional. O episódio ocorreu em agosto de 2019, quando Bolsonaro já estava há oito meses no Palácio do Planalto.

“O Luciano Hang, estava fazendo mais uma loja, e apareceu um pedaço de azulejo durante as escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta: que trem é esse? Que eu não sou tão inteligente como os meus ministros. O que que é Iphan, com PH? Explicaram pra mim, tomei conhecimento, ripei todo mundo do Iphan (risos). Botei outro cara lá. O Iphan não dá mais dor de cabeça pra gente”.

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O presidente já havia se referido ao mesmo caso na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, que foi gravada e teve trechos divulgados após a denúncia do então ministro Sérgio Moro (Podemos), de que Bolsonaro tentava interferir na Polícia Federal.

O problema de Hang com vestígios arqueológicos ocorreu em uma obra no Rio Grande do Sul. De acordo com o próprio Iphan, os trabalhos não foram interrompidos pelo órgão, mas por decisão da empresa que prestava serviços para a rede de lojas – um dos condicionantes da autorização para construir no local.

A situação da Havan ocorreu em agosto de 2019. Em dezembro, a então chefe do órgão, Kátia Bogéa, foi exonerada. À coluna Painel, da Folha de S. Paulo, Kátia afirmou na época que sua demissão, e de outros técnicos do órgão federal, teriam ocorrido a pedido de Hang e de um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro. Segundo ela, a interrupção das obras teria sido recomendada pela empresa especializada em arqueologia contratada pela própria Havan.

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Procurada, a Havan ainda não se manifestou sobre a fala do presidente.

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