Bolsonaro pode não ter sido reeleito, mas o resultado das urnas está longe de fazer do presidente um derrotado em 2022. A eleição de Jorginho Mello em Santa Catarina, com votação recorde, e a bancada turbinada do PL no Congresso são provas de que o bolsonarismo segue como uma força política robusta.

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Apesar disso, Jair Bolsonaro decidiu deixar o cargo pela porta dos fundos, em um voo no avião presidencial da Força Aérea Brasileira (FAB) que decolou para Miami no início da tarde desta sexta-feira (30).

Horas antes, a live de despedida antecipando o fim do mandato que, oficialmente, só terminaria no sábado, foi o derradeiro suspiro de um presidente que desistiu de governar dois meses atrás, em uma situação inédita no Brasil. Há semanas é o futuro governo, que ainda não tomou posse, quem dá as cartas.

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Na live, Bolsonaro chorou, criticou o TSE e a formação do governo Lula – mas também fez dois gestos importantes. Indicou, enfim, ter aceitado a derrota ao falar aos apoiadores que o mundo não acaba dia 1º. Também condenou, com atraso, os atos terroristas registrados em Brasília após a diplomação. Ainda que o gesto tenha um perfume de autoproteção, a fala ajuda a acalmar os ânimos dos extremistas.

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Ao fim e ao cabo, o último discurso do governo que termina foi um resumo da gestão bolsonarista: muito barulho nas redes sociais e voltado para dentro. Forte o suficiente para apresentar-se desde já candidatíssimo para 2026 – mas dependente de fatores externos para furar a própria bolha.

Desde já, o principal obstáculo para o bolsonarismo será o próprio Bolsonaro. O presidente que foi capaz de provocar um tsunami eleitoral – mas que, abatido nas urnas, reafirmou o pouco apreço que tem pela democracia. O presidente eleito que deixou o país para trás para se refugiar nos Estados Unidos e que se recusou a repassar a faixa que lhe foi outorgada, temporariamente, pelo povo brasileiro.