É inegável que Jair Bolsonaro (PL) tenha demonstrado força e resiliência eleitoral neste Sete de Setembro. O presidente da República reuniu uma multidão em Brasília, na Avenida Paulista (SP), em Copacabana (RJ), e também em outras manifestações pelo país. Inclusive em Santa Catarina.

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Para isso, apropriou-se do bicentenário da Independência do Brasil e transformou uma data que deveria ser de todos os brasileiros em um grande evento eleitoral – financiado pela máquina pública.

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Que o governo Bolsonaro não é afeito às institucionalidades e à ritualística do cargo, não é novidade. Mas não deixa de impressionar a ousadia com que o presidente da República conspurca a lei em benefício próprio. Atropela as regras, os limites e a diplomacia, ao promover um gigantesco comício travestido de evento institucional.

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A falta de apego à liturgia do cargo explica como o lugar de honra, ao lado do presidente, foi entregue ao empresário Luciano Hang – que ficou entre Bolsonaro e o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, numa deselegância diplomática. Talvez uma gafe, mesmo. Ou então, como uma nova tentativa de Bolsonaro, de acenar às mulheres, acabou escorregando num machismo tosco.

Ao fim e ao cabo, o presidente queria gerar imagens de uma multidão de apoiadores para contrapor o que dizem as pesquisas. Ele conseguiu com um preço alto: o uso das Forças Armadas, a subversão de uma data histórica, o pisoteio da legislação eleitoral e dos princípios de equivalência de condições entre os candidatos.

A dúvida é se tudo o que foi feito para gerar a imagem de força desta quarta-feira, se apossando de uma data histórica para o país, será capaz de aumentar a intenção de votos em sua guerra sem medidas pela reeleição.