O presidente Jair Bolsonaro acertou em desviar o roteiro de sua viagem a lazer a Santa Catarina, neste sábado, para sobrevoar as áreas mais atingidas pela enxurrada da última quinta-feira, que deixou um rastro de destruição e morte no Alto Vale. Para além do auxílio formal do governo federal – que é muito necessário e bem-vindo – a presença do presidente da República significa um aceno, um sinal de solidariedade.
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O auxílio precedeu a viagem presidencial. O secretário Nacional de Defesa Civil, Alexandre Lucas, está no Estado para auxiliar no atendimento às vítimas da tragédia. Equipes do Exército foram escaladas para auxiliar na reconstrução das cidades, e o governador Carlos Moisés (PSL) disse que o governo federal colocou recursos financeiros à disposição.
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O sobrevoo de Bolsonaro, no entanto, não havia sido divulgado previamente e pegou as autoridades de surpresa. O secretário nacional de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Junior, que acompanha a comitiva, disse que a iniciativa partiu do presidente. O roteiro original, de pesca e descanso em São Francisco do Sul, ficou para a segunda etapa da viagem.
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O desvio de rota foi uma ‘bola dentro’, que destoa de algumas das ações da Presidência da República nas últimas semanas. Especialmente quando o assunto é a pandemia.
Bolsonaro desprezou a gravidade do novo coronavírus, deu corda para os negacionistas e politizou a vacina, tão necessária para retornarmos ao bom e velho ‘normal’. A viagem a SC ocorre em meio a uma grande pressão em Brasília para que o governo federal dê conta de colocar em pé um enleado Plano Nacional de Imunização, e para que consiga negociar o maior número possível de doses. Está claro que ficamos para trás na corrida pela vacina, e o Ministério da Saúde terá que reverter o prejuízo.
Em julho, quando o presidente fez uma visita-relâmpago ao Estado após a passagem do ciclone bomba, escrevi que ele havia decepcionado Santa Catarina. Em novembro, chamei atenção para a aglomeração e o desrespeito às regras sanitárias durante a participação de Bolsonaro na formatura da PRF, em Florianópolis. Desta vez, é preciso dizer que o desvio de rota foi um ato de estadista. Tomara que essa faceta de Bolsonaro tenha vindo para ficar.
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