Um bilhete apreendido com o deputado estadual Julio Garcia (PSD), ex-presidente da Alesc, ajudou a embasar a Operação Obstrução, que resultou na prisão do ex-secretário Adjunto de Administração do Estado, Nelson Nappi Júnior, e em novos mandados de busca e apreensão que foram cumpridos no dia 14 de outubro. Dados da investigação aos quais a NSC teve acesso apontam que, para a PF, Nappi e Julio Garcia continuaram mantendo contato mesmo após terem sido alvo de medidas restritivas – e o deputado teria ajudado o ex-secretário com o pagamento de despesas.

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“A PF apreendeu, em 19/01/2021, um bilhete em poder de Júlio César Garcia (padrinho político de Nelson Nappi Júnior), que evidencia a existência de contato entre ambos e a prática de atos típicos de organização criminosa, como custeio de despesas de indiciado preso, referência a outros envolvidos, além de possíveis operadores financeiros e, ainda, a indicação de nome e cargo de pessoa que supostamente teria denunciado o investigado às autoridades (mencionada como causadora (de) tudo)”, afirma o documento.

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Análises técnicas da Polícia Federal concluíram que o bilhete, apreendido com Júlio Garcia em 19 de janeiro, no âmbito da Operação Alcatraz, foi escrito pelo próprio Nelson Nappi Júnior. Para tanto, foram comparados detalhes do manuscrito com a letra do ex-secretário em documento público. Outro ponto utilizado para comprovação de autoria foi a expressão “breque de arrumação”, que de acordo com a PF era usada com frequência por Nappi.

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Segundo a polícia, o texto lista uma série de débitos e contas atrasadas a serem pagas, que somam mais de R$ 800 mil – e que estariam sendo cobradas do deputado Júlio Garcia pelo ex-secretário. Somente com advogados, a conta chegaria a R$ 650 mil. “Quantia que é totalmente incompatível com os rendimentos do casal”, afirma a PF, referindo-se a Nappi e a mulher, Cristiane Rios.

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Operação

Desde 14 de outubro, Nappi segue preso no Centro de Ensino da Polícia Militar. A Operação Obstrução, que investiga crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa, é a terceira fase da Operação Alcatraz, deflagrada em 2019. Originalmente, o objetivo era combater fraudes em licitações e desvios de recursos públicos em contratos de prestação de serviços terceirizados no Governo do Estado.

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A coluna não conseguiu contato com a defesa de Nelson Nappi. O advogado Cesar Abreu, que representa Julio Garcia, disse que não poderia comentar detalhes sobre a Operação Obstrução porque desconhece os documentos que embasaram a investigação. Mas afirmou “não ter conhecimento de qualquer contato entre os réus, que são monitorados pela polícia”.

Nesta terça-feira (9), a defesa de Julio Garcia obteve decisão favorável do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para decretar a nulidade de provas da Operação Alcatraz. O acórdão ainda não foi publicado.

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