Esta é provavelmente uma das perguntas mais frequentes de quem conhece o modelo sui generis de ocupação de Balneário Camboriú, que concentra as construções mais altas do Brasil – e alguns dos maiores arranha-céus da América Latina – à beira do mar, em solo arenoso. O questionamento ficou mais pertinente desde o ano passado, quando viralizaram imagens de edifícios “tortos” em Santos, no Litoral de São Paulo.
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Responsável pelo setor de super talls da FG Empreendimentos, construtora que assina a maioria dos arranha-céus de Balneário Camboriú, a engenheira civil Stephane Domeneghini diz que a resposta à pergunta é não: Balneário não corre o risco de afundar pelo peso dos edifícios.
— Se houvesse qualquer risco dos prédios “afundarem”, isso já estaria acontecendo. Os prédios são estruturas majoritariamente rígidas, e qualquer movimento nesse sentido causaria fissuras e outras patologias nas construções.
Ela explica que há diferenças em relação ao solo de Santos, mais “mole” que o de Balneário Camboriú. Além disso, a cidade do Litoral de São Paulo tem construções mais antigas, que privilegiavam outro tipo de tecnologia.
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A fundação dos prédios é hoje um dos setores que mais demandam pesquisas, tecnologia – e custo. As construtoras investem pesado para garantir que os superedifícios sejam construídos de forma segura, e não afetem o entorno.
Em Balneário Camboriú, há arranha-céus em que as escadas são “fincadas” no antigo maciço de rochas que fica no subsolo, em profundidades que podem chegar a 50 metros. Em outros, o próprio solo, que fica mais rígido quando mais distante da superfície, segura o estaqueamento. Tudo depende do local onde o prédio está construído.
— A análise leva em conta a carga do prédio e o solo. Também se avalia até onde as cargas do edifício afetam o entorno, os prédios vizinhos — explica Stephane.
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O One Tower, maior edifício residencial da América Latina, com impressionantes 290 metros de altura, não tem estacas na rocha. Elas estão fincadas a 34 metros de profundidade, e o próprio solo segura a estrutura na Barra Sul.
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Outro edifício da construtora, o Boreal Tower, que fica no Pontal Norte, utilizou um sistema diferente: Como o maciço rochoso está a apenas cinco metros da superfície, o prédio não tem estacas, mas “pinos” que o conectam diretamente às rochas.
No momento, a construtora se prepara para as obras do Triumph Tower, que terá mais de 500 metros de altura e será um dos maiores residenciais do mundo. O edifício conta com uma equipe internacional e multidisciplinar para os cálculos de fundação, que inclui alguns dos maiores especialistas do mundo em cálculo estrutural e geotecnia.
Entre eles está o engenheiro responsável pela fundação do icônico Burj Khalifa, em Dubai, que é considerado o maior arranha-céu já construído, com 828 metros de altura e 160 andares.
Projetado para a Barra Sul, o Triumph Tower terá estacas de fundação conectadas diretamente no maciço rochoso, a 50 metros de profundidade.
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