Autor da petição online contra a participação de Miriam Leitão na 13ª Feira do Livro de Jaraguá do Sul, o advogado Danilo Faggian dos Santos emitiu nota em que contesta a organização do evento, sobre as ameaças à integridade física da jornalista. Ele diz que foi seu abaixo-assinado digital, que teve 3,6 mil assinaturas, que motivou o cancelamento do convite a Miriam e ao sociólogo Sérgio Abranches, seu marido, que o autor da petição trata no texto como “filósofo”.

Continua depois da publicidade

“A comissão organizadora ao tentar justificar o desconvite de Miriam Leitão, em razão da pressão popular, imputou inveridicamente que o fato teria ocorrido em razão de questões de segurança, isto justamente na cidade considerada mais segura do país”, afirma a nota.

O texto segue, dizendo que a organização não buscou apoio de órgãos de segurança. Afirma, ainda, que a feira tem financiamento por meio da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), e que o convite a Miriam estaria ferindo princípios legais.

É de extrema importância que o cidadão – a população jaraguaense no caso em tela – possa opinar e participar ativamente do destino empregado e para onde deve ser direcionado o dinheiro público.

"Estranhamente aqueles que discursam no sentido de que é necessário apaziguar o país e que não pode ser empregado o ódio são justamente quem intitula a sociedade jaraguaense como neonazistas e neofascistas, tudo em decorrência de uma petição eletrônica confeccionada nos princípios democráticos e republicanos, onde a maioria escolheu que Miriam Leitão não deveria ser trazida às custas do dinheiro público a nossa cidade”.

Organização reafirma ameaças à jornalista

A organização, ao ter ciência da nota, respondeu com um novo comunicado em que reitera que a decisão foi tomada por segurança, e afirma que tomou medidas para preservar a integridade e a fé-pública do material retirado das redes sociais.

Continua depois da publicidade

“A medida de cancelamento do convite feito ao casal de escritores Miriam Leitão e Sérgio Abranches não foi tomada de forma imatura ou sem avaliação adequada, mas sim a partir da análise de extenso material que contém não somente xingamentos de toda ordem, mas também ameaças à integridade física e moral da convidada Miriam”.

O texto diz ainda que a organização não procurou a Polícia Militar para cogitar uma eventual escolta por entender que protestos inviabilizariam a programação.

Mesmo com eventual escolta policial, a existência de protestos, vaias e xingamentos, não permitiriam a realização adequada da mesa literária, tal como imaginada e proposta.

"Não se tratou, portanto, de recusar escolta policial ou de não solicitar a presença da polícia, mas de se antever a inviabilidade da realização do debate literário “Biblioteca Afetiva”, com a presença da referida convidada em tão evidente clima de instabilidade e animosidade.

Caso repercutiu no país

O cancelamento da participação da jornalista Miriam Leitão e do sociólogo Sergio Abranches na 13ª Feira do Livro de Jaraguá do Sul repercutiu em todo o país e foi um dos assuntos mais comentados do Twitter esta semana.

Continua depois da publicidade

Do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao jornalista Glenn Greenwald, autoridades, famosos e anônimos se manifestaram sobre o caso.

Nesta quinta-feira, em entrevista exclusiva à NSC, Miriam Leitão disse que ficou surpresa com a movimentação, já que não falaria de política ou economia em Jaraguá do Sul, mas de literatura. Mas disse que tem boas lembranças de Santa Catarina, e sempre se sentiu bem vinda no Estado.

Miriam disse que tentar calar vozes dissonantes é "inaceitável", e coloca em risco os valores democráticos.

Ainda não é assinante? Faça sua assinatura do NSC Total para ter acesso ilimitado do portal, ler as edições digitais dos jornais e aproveitar os descontos do Clube NSC.

Continua depois da publicidade