A internação de mulheres grávidas não vacinadas contra a Covid-19 em UTI, em estado grave, tem chamado atenção de médicos do HU, o Hospital Universitário da UFSC, que é referência no atendimento a essas pacientes na Capital. Esses casos têm sido rotina ao longo dos últimos três meses, em especial nas últimas semanas – e preocupam os especialistas. As gestantes têm um risco maior de complicações da Covid-19 em comparação com o restante da população, segundo dados da Fiocruz.

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A vacina está disponível para as grávidas no Brasil desde abril mas, para ter acesso às doses, o Plano Nacional de Imunização (PNI) prevê que elas apresentem um atestado médico. Essa ressalva foi feita porque as vacinas produzidas contra a Covid-19 não incluíram testes em mulheres grávidas. Ao longo do tempo, o avanço da vacinação em todo o mundo comprovou que a vacina é segura também para as mulheres grávidas – mas a recomendação do atestado médico se manteve.

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Além desse obstáculo, o único caso de efeito adverso registrado no Brasil, causado por uma dose de AstraZeneca, também pode ter provocado uma percepção equivocada sobre a segurança das vacinas, segundo especialistas ouvidos pela coluna. O Ministério da Saúde chegou a suspender temporariamente a vacinação dessa população, que posteriormente foi retomada com doses da Pfizer e Coronavac.

Deixar de tomar a vacina é temeridade

Os médicos ouvidos pela coluna avaliam que deixar a decisão sobre a vacinação da mulher grávida nas mãos do obstetra “subverteu” o Plano Nacional de Imunização. A médica infectologista Patrícia Vanny ressalta que a vacinação é segura para as mulheres grávidas, e que deixar de tomar a vacina é uma temeridade diante dos riscos:

– Em alguns casos o obstetra ainda teme, ou a própria gestante, ou mesmo a família coloca para ela esse receio. Mas isso tem um preço. Na medida em que a maioria das pessoas está sendo vacinada, o vírus procura quem se não se vacinou – alerta.

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No caso das gestantes, o risco é ainda maior. Um levantamento da Fiocruz, divulgado em junho, apontou que a letalidade nesse por Covid-19 nesse grupo é de 7,2% no Brasil – mais que o dobro do índice do restante da população, que é de 2,8%.

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Em Santa Catarina, um Boletim Epidemiológico emitido em agosto pela Dive apontou índice de letalidade de 7,6% entre as mulheres grávidas em 2021. A média foi de um óbito para cada 13 gestantes e puérperas internadas em UTI com Covid-19.

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O médico Rafael Lisboa de Souza, coordenador da UTI Covid no HU, explica que há questões fisiológicas que tornam as mulheres grávidas mais suscetíveis a complicações, como o aumento do volume uterino – que pode causar, por exemplo, problemas na intubação e maior risco de infecção respiratória. As consequências também afetam os bebês: muitos partos são feitos prematuramente, diante da condição de saúde da mãe, e são comuns os casos de retardo de crescimento intrauterino.

– O risco é maior justamente no terceiro trimestre, quando as gestantes já deveriam estar vacinadas. A mensagem que tem que ficar é que esse grupo evolui muito grave, está ocupando as UTIs, e não deve ter medo de se vacinar – diz o médico.

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