O relatório final da Polícia Federal sobre o inquérito do golpe cita o juiz federal catarinense Sandro Nunes Vieira. A PF afirma que ele teria atuado “de forma ilegal e clandestina” assessorando o PL, partido de Jair Bolsonaro, em um documento que fazia ataques sem provas à urna eletônica. Apesar de ter sido citado, o juiz não está entre os indiciados do inquérito.
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O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF 4), em Porto Alegre (RS), ao qual Sandro Nunes Vieira está vinculado, abriu investigação nesta terça-feira (27) para apurar o caso, como informou a colunista Bela Megale, do jornal O Gobo.
A corregedora do Tribunal, Vânia de Almeida, deu prazo de 48 horas para a PF compartilhar o relatório. “Determino a instauração da presente investigação preliminar a fim de que se possa dimensionar com precisão os atos cuja prática é imputada ao referido magistrado”, escreveu.
Natural de Fraiburgo, no Meio Oeste, Sandro Nunes Vieira esteve lotado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2019 até agosto de 2022. Durante esse período, chegou a representar o então presidente do TSE, ministro Edson Fachin, em eventos oficiais em Santa Catarina.
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Por que Balneário Camboriú aparece em relatório da PF sobre o Inquérito do Golpe
Atualmente lotado em Paranaguá, no Litoral do Paraná, Sandro Nunes Vieira atuou na Justiça Federal em Joinville antes de trabalhar no TSE em Brasília.
Segundo a investigação da PF, no dia 16 de novembro de 2022, o coronel do Exército Marcelo Câmara, que era assessor de Bolsonaro, enviou uma mensagem ao ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, pedindo que o nome do juiz não fosse citado pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, no documento apresentado pelo partido para contestar o resultado do segundo turno. Essa ação acabou rendendo uma multa de E$ 22 milhões ao partido.
“Preciso que você reforce com o Valdemar Costa neto para não citar em nenhum momento meu nome. Dr. Sandro o nome do juiz”, escreve Marcelo Câmara.
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A colunista Andreia Sadi registou, em seu blog no G1, que Valdemar citou Sandro em uma entrevista, no dia 19 de novembro .
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“Porque eu conversei com um ex-diretor do TSE, que é um juiz de Direito, o Sandro, e ele me falou, ele estava lá até o… até seis meses atrás… e ele me disse, é um homem honesto, tá ajudando a gente…”, afirmou Valdemar.
Em nota, o juiz Sandro Nunes Vieira disse, na época, que não se manifestava sobre questões políticas:
“No dia 19.11.2022 fui informado pela equipe de comunicação do TSE que meu nome havia sido citado pelo Presidente do Partido Liberal, Sr. Valdemar Costa Neto, no contexto de que teria falado comigo sobre eventuais irregularidades nas urnas eletrônicas. (…) Sobre o tema, venho esclarecer que nunca tive contato pessoal com o Presidente do Partido Liberal. Como juiz, não emito opiniões públicas ou juízos de valor sobre processos de conotação política”, disse a nota.
A coluna não conseguiu contato com Sandro Nunes Vieira nesta terça-feira.