Na derrocada democrática brasileira, as mulheres jornalistas são alvo preferencial. É especialmente para as mulheres que se apontam as armas contra a imprensa, o contraditório, contra o questionamento. O objetivo é intimidar pelo medo, pela depreciação. Os ataques miram em duas coisas que a extrema direita autoritária rejeita, a imprensa livre e a fiscalização do poder.
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Vera Magalhães foi vítima de mais um episódio de misoginia na noite de terça-feira (13), no exercício do seu trabalho. E é necessário colocar a situação em contexto, porque a jornalista é alvo de uma escalada de ataques que foram potencializados pela fala de Jair Bolsonaro (PL) no debate do dia 28 de agosto, no momento em que, para não responder a um questionamento legítimo, ele se voltou contra ela em rede nacional. O deputado que interpelou a jornalista nesta terça-feira usou a mesma frase do presidente para atacá-la. Não há como negar que tenha se sentido autorizado.
O próprio presidente foi condenado recentemente a indenizar a jornalista Patrícia Campos Mello, repórter da Folha de S. Paulo, por falas misóginas que a levaram a receber uma onda de ataques em 2020. Esse tipo de comportamento acaba sendo replicado por apoiadores e resulta em situações como as ameaças e mensagens de ódio que têm sido direcionados à jornalista catarinense Juliana Dal Piva, colunista do Uol que é autora de uma série de reportagens sobre os negócios imobiliários da família Bolsonaro e de um livro recém-lançado.
Quem ataca a imprensa não aceita que o papel de um jornalista, ou de uma jornalista, é informar, questionar, contestar, apontar as contradições e fiscalizar. As mulheres são alvos preferenciais porque há um contexto de machismo, de misoginia nesses ataques. Por isso é comum que as mensagens carreguem teor de desqualificação profissional ou de depreciação sexual. A misoginia é o ódio direcionado às mulheres.
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Essas tentativas de intimidação são covardes e inócuas, porque as mulheres estão entre os grandes nomes do jornalismo no país e continuarão fazendo seu trabalho. Mas é necessário pontuar que o Brasil está tóxico para as mulheres. Inclusive no exercício legítimo da atividade profissional.
A questão é que, quando o jornalismo está ameaçado, é sintoma de que a democracia está em risco. Só existe jornalismo em sociedades democráticas. E as mulheres que hoje aturam os mais sórdidos xingamentos e ataques no exercício da profissão estão honrando o papel que têm para segurar a democracia brasileira em pé.
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