Não importa que idade tenham nossos filhos. A simples ideia de perdê-los traz um calafrio na espinha, um aperto no estômago, um vazio gelado. Dizem que eles são nosso coração batendo fora do peito. Imagine, só por um instante, ter esse coração arrancado num golpe.
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Quatro famílias catarinenses perderam nesta quarta-feira (5) seus pequenos tesouros em uma tragédia inexplicável. Quatro crianças que foram levadas à creche pela manhã e não voltarão para casa no fim do dia. Nunca mais.
A dor da perda de um filho é de uma violência tão brutal que inspirou mitos e histórias ao longo do tempo. Inverte a lógica, desafia o curso natural da vida. Uma dor tão profunda e desumana que até mesmo o exercício de empatia, de se projetar no lugar de quem perdeu uma criança, é excessivamente difícil. É um lugar em que nenhum pai ou mãe ousa se colocar, nem por um segundo.
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No jornalismo, quando trabalhamos na coberturas de crimes de grande repercussão, uma das perguntas incontornáveis é sobre a motivação – e não se trata de justificar, mas de puxar o fio narrativo de uma história invariavelmente trágica. Mas, num caso como esse, esta pergunta soa vazia, quase medíocre. Que motivação poderia levar a um crime tão atroz e monstruoso?
Mais trágico ainda que o horror catarinense ocorra a poucos dias da Páscoa, uma data simbólica para as famílias – especialmente as que têm crianças pequenas, com seus coelhinhos e chocolates.
Na tradição cristã, é também o momento em que uma mãe, Maria, viu o filho, Jesus, entregue à morte pelas mãos de seus algozes. As mães dos pequenos blumenauenses assassinados em um ataque covarde sentem agora a dor maior, aquela que nem em nossos piores pesadelos ousamos tocar. Que tenham forças para seguir em frente.