O tiro que acertou Donald Trump próximo ao tímpano neste sábado, durante um comício na Pensilvânia, tende a repetir nos Estados Unidos o efeito que a facada recebida por Jair Bolsonaro em 2018 teve nas eleições brasileiras. A hipótese de uma vitória do republicano, que já vinha sendo aventada, ganha mais força.
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O assunto dominará o noticiário nas próximas semanas. Enquanto isso, a imagem do ex-presidente – e candidato – ferido será usada pela campanha para criar empatia no eleitorado. Inclusive naquele que demonstrava pouco interesse na disputa pela Casa Branca.
Isso já começou, com a acusação por parte de republicanos de que a retórica dos democratas teria sido a motivação para o atentado.
É um efeito similar ao que ocorreu após a facada desferida por Adélio Bispo contra Bolsonaro na campanha de 2018. A verborragia do ex-presidente brasileiro – então candidato – deu lugar a uma imagem de fragilidade, que se sobrepôs á brutalidade e impulsionou sua votação.
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Mesmo afastado dos debates e do corpo-a-corpo da campanha, Bolsonaro conseguiu atrair a atenção e o voto dos eleitores após o atentado. Transformou-se em um mártir, e o resto é história.
Nesse cenário, assim como ocorreu no Brasil, os defeitos de Donald Trump, inclusive sua digital no 6 de Janeiro, tendem a ser relegados a segundo plano.
É provável que o episódio de violência política contra o adversário tenha delimitado para os democratas o fim da linha na expectativa de manter o poder nos Estados Unidos – uma hipótese que já era distante diante das discussões sobre a suposta senilidade de Joe Biden.
O caminho dos democratas, que já era difícil, tornou-se quase impossível.