O assalto pirotécnico à agência do Banco do Brasil em Criciúma levou à mobilização de ‘robôs armamentistas’ nas redes sociais. São centenas de publicações com a mesma mensagem, de um suposto morador que afirma ter assistido à ação dos bandidos, e diz que gostaria de ter uma arma para ‘atirar pela janela’. Todas têm textos absolutamente iguais.

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O jornalista Cristiano Aguiar Lopes, de Brasília, que é doutor em Ciência Política, fez um compilado das mensagens que pipocaram no Twitter.

Em conversa com a coluna, ele comentou que, embora tenha havido alguma replicação ‘orgânica’ do texto, por perfis reais, muitos dos usuários que publicaram a mesma mensagem têm características de bots, como um baixo número de seguidores e descrições genéricas de perfil. Ele acredita que tenha havido um fenômeno de ‘copypasta’, que consiste a repetição do mesmo texto várias vezes, por contas reais ou automatizadas.

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– Esse tipo de ação se tornou mais comum no Twitter quando a plataforma estabeleceu limitações aos retweets em massa – diz.

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A repetição do suposto relato pessoal não deixa dúvidas de que se trata de robôs – e dos mais rudimentares, segundo João Guilherme Bastos dos Santos, pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCTDD). Ele explica que esses ‘bots’, que violam as regras das redes sociais, são comprados prontos em sites na internet

– O que a gente chama de robô é uma linha de código. Esses mais populares são ‘social bots’, que simulam interações e postagens – explica.

Esse tipo de comportamento automatizado, em que perfis repetem supostos relatos pessoais, é muito usado por grupos que tentam simular um debate público que não existe, ou dar a sensação de que um determinado assunto reverbera muito mais do que a repercussão real.

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– Tentam artificialmente dar uma dimensão que o assunto não tem, para tentar surfar na visibilidade – diz o especialista.

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As redes sociais têm um conjunto de práticas para tentar barrar a ação dos robôs que capturam o debate público. No entanto, não há legislação sobre isso no Brasil – o que torna o combate aos bots mais difícil. O mais perto que se chegou de regulamentar a atuação dos robôs nas redes sociais foi o Projeto de Lei das Fake News, que tramitou no Congresso Nacional mas acabou estagnado por discussões sobre a privacidade de dados e a liberdade de expressão.

Vida real

Além dos robôs, o armamento também foi assunto entre parlamentares na ‘vida real’. Deputados federais como Rogério Peninha (MDB), catarinense integrante da bancada da bala, e Caroline de Toni (PSL), defensora da liberação de armas no Brasil, trouxeram o assunto para as redes sociais, sob o argumento de que o cidadão precisa se defender.

Vale lembrar que uma das características do ‘novo cangaço’, o tipo de crime que ocorreu em Criciúma, é o armamento pesado. A munição deixada no chão indica o uso de armas longas de uso restrito, inclusive um tipo de fuzil que é capaz de derrubar helicópteros.

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Isso significa que, independentemente de sua posição – seja pró ou contra armas – qualquer armamento legal, autorizado nos termos da legislação atual, seria inútil diante de tamanho poderio bélico . A recomendação é manter-se seguro.

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