Se há um personagem controverso na recente política brasileira, este é o ex-juiz, ex-ministro, ex-presidenciável, e agora recém-eleito senador Sérgio Moro (União Brasil). Símbolo da Operação Lava Jato, o juiz que atropelou os limites da lei em nome do combate à corrupção declarou oficialmente apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
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O contrassenso da decisão de Moro é que foi ele mesmo quem acusou Bolsonaro e seus filhos de interesses não-republicanos ao deixar o governo “atirando”, em 2020. Sua saída, conturbada, se deu em meio a denúncias dele mesmo, de que Bolsonaro estaria interferindo e aparelhando a Polícia Federal. Nos meses seguintes, o ex-juiz fez afirmações como esta:
“No combate à corrupção, eu fui sabotado pelo presidente, todo mundo sabe disso. O presidente disse outro dia que ele me tirou do governo porque eu não protegi a família dele de investigações”
Ou esta:
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“Nunca é demais esclarecer motivos pelos quais eu saí do governo Bolsonaro. Sempre fui fiel aos princípios morais e ao povo brasileiro. Traição seria eu compactuar com a corrupção”.
O movimento de reaproximação de Moro e Bolsonaro já vinha ocorrendo nas últimas semanas e o ajudou a se eleger no Paraná, deixando para trás os adversários. Por isso a declaração de apoio no segundo turno surpreende um total de zero pessoas.
Sobre a definição de apoio, o senador eleito publicou esta afirmação no Twiter:
“Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro”.
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Moro poderia ter optado por ficar em cima do muro. Mas se reconhece incomodado com o “projeto de poder do PT” e “passa pano” para as denúncias que ele mesmo fez contra Bolsonaro. Parece, assim, que “combate à corrupção” era só uma frase de efeito – nada mais do que um batido slogan de campanha.
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