Dados da pesquisa Quaest divulgados nesta semana, sobre a percepção do brasileiro a respeito do 8 de Janeiro, dão pistas importantes sobre o aniversário da data que ficará marcada como o “estouro da boiada” no enredo de uma tentativa frustrada de golpe de Estado, que culminou com a invasão e quebra-quebra nas sedes dos Três Poderes.
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Ao todo, 8.598 eleitores brasileiros foram ouvidos em dezembro, e 86% reprovaram os atos de 8 de Janeiro de 2022. Os números são semelhantes nos recortes regionais. No Sul, a reprovação é de 85%. O índice contrasta com a votação da oposição nos três estados, indicando uma rejeição ao radicalismo que ultrapassa bandeiras político-ideológicas, dois anos depois.
Outro fator relevante apontado na pesquisa Quaest é uma inversão de tendências na percepção entre o eleitor moderado que votou em Lula ou Bolsonaro. Dos que votaram à esquerda em 2022, 76% consideravam, no levantamento do ano passado, que Bolsonaro tinha participação direta na tentativa de golpe. O percentual reduziu para 60% desta vez.
Já entre os eleitores moderados de Bolsonaro, 13% viam participação direta do ex-presidente nos atos golpistas em 2023. Atualmente, são 37% – três vezes mais.
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As tendências apontam que, dois anos depois, não há na sociedade brasileira um sentimento que justifique anistiar os atos criminosos de 8 de Janeiro. Ainda que alguns juristas questionem a proporcionalidade das penas. São discussões paralelas, sem convergência.
Dois anos depois, atos de 8 de janeiro têm 371 condenações e 650 casos à espera de definição
Apesar disso, a anistia seguirá em pauta no Congresso Nacional, como sinalizam parlamentares de SC. Julia Zanatta (PL) publicou nesta manhã uma foto usando uma camiseta estampada com o pedido de anistia. O senador Jorge Seif (PL) minimizou os ataques em uma publicação. Ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), Carol de Toni (PL) afirmou nas redes sociais nesta quarta-feira, em resposta a seguidores, que o assunto segue em pé.
De Toni chegou a pautar a anistia na CCJ em 2024, mas o texto foi retirado a pedido do presidente da Casa, Arthur Lira (PP) – oficialmente, para ser tratado numa Comissão Especial. Nos bastidores, para negociar com governo e oposição a sucessão à frente da Mesa Diretora. A anistia segue entre os condicionantes apresentados pela bancada do PL ao deputado Hugo Motta (Republicanos), candidato de Lira à presidência da Casa.
Se prosperar, o perdão à massa de manobra do golpe será um deboche – mas a chance de sucesso é remota. O mais provável é o assunto seja usado como cortina de fumaça para encobrir a nova etapa que se desenha, atingindo o andar de cima da intentona golpista. A temporada 2025 tende a ser pesada para quem atentou contra a democracia.
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