Dados da pesquisa anual da Fecomércio SC sobre o turismo de verão mostram que, nesta temporada, o aluguel de imóveis de veraneio superou a hospedagem tradicional. Em janeiro, 38% dos turistas entrevistados disseram ter preferido os alugueis, contra 29% que optou por hotéis, hostels e pousadas. O levantamento foi feito em Florianópolis, Balneário Camboriú, São Francisco do Sul, Imbituba e Laguna.

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A tendência de crescimento do aluguel de verão já vem desde o ano passado, quando os imóveis ultrapassaram pela primeira vez a hospedagem tradicional na pesquisa da Fecomércio SC. Mas a diferença ainda era pequena, de 35% para 33%.

Sergio Luiz dos Santos, presidente do Sindicato da Habitação de Balneário Camboriú (Secovi) e vice-presidente de Habitação da Fecomércio SC, diz que a tecnologia facilitou o acesso do turista aos meios de hospedagem. Sites, aplicativos e redes sociais oferecem um maior número de opções, e facilitam o contato entre o proprietário e o locatário.

_ Os imóveis que estão para aluguel de temporada modernizaram, não são mais os de antigamente. São prédios novos, condomínios que funcionam como clubes. O imóvel passa a ser um concorrente do hotel _ avalia.

Poder cozinhar e receber amigos são apontados por Santos como alguns dos diferenciais que têm feito aumentar a procura por imóveis. Os dados mostram que a maior fatia dos alugueis (44%) vem de negociação direta com o proprietário. Aplicativos como AirBnb e Alugue Temporada vêm em segundo lugar, com 26%, e já ultrapassaram as imobiliárias, que detêm 14% do mercado.

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Avaliação demanda mais tempo

Diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Santa Catarina (ABIH-SC), Lara Perdigão diz que ainda é cedo para analisar se a preferência pelos aluguéis é uma tendência que irá se manter nos próximos verões.

_ Como não fechamos a temporada, ainda não temos parâmetro. Temos um público diferente este ano, menos estrangeiros, mais famílias. Mas não é simples analisar, porque é um outro conceito de lazer, uma outra opção de hospedagem _ avalia.

Mesmo assim, ela alerta que o cenário está em transformação em função da crise no Brasil, que fez o turista nacional racionalizar os gastos, e no exterior, que reduziu o número de visitantes estrangeiros.

_ Temos uma entrada forte de alternativas, e por isso precisamos (os hoteleiros) rever estratégias comerciais e de produtos e serviços que oferecemos. Quem não estudar seu público, vai ficar fora do mercado _ afirma.

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Tributação

O crescimento dos alugueis traz à tona a questão dos impostos, já que os imóveis oferecidos por sites especializados ou pelos proprietários não sofrem a mesma tributação dos hotéis. Em algumas grandes cidades no mundo, o crescimento dos aluguéis por aplicativo causou o esvaziamento de opções de aluguel anual _ o que levou o governo a adotar regras. Em Paris, por exemplo, há limitação na quantidade de tempo em que o imóvel pode ser alugado por temporada. Em Berlim, os aplicativos foram proibidos.

Os dados completos da Pesquisa Turismo de Verão no Litoral de Santa Catarina, com informações sobre o perfil do turista, a avaliação do destino e o impacto da temporada para os setores de comércio de bens e serviços e turismo, serão divulgados após o verão, em março.