Dez horas seguidas de depoimentos, madrugada adentro, acirraram os ânimos dos deputados que participam da CPI dos Respiradores na Assembleia Legislativa de SC (Alesc). A discussão sobre a data da acareação entre o ex-secretário de Saúde, Helton Zeferino, o ex-chefe da Casa Civil, Douglas Borba, e a servidora da Saúde, Márcia Pauli, terminou em troca de farpas entre os deputados João Amin (PP) e Ivan Naatz (PL).

Continua depois da publicidade

Amin é autor do pedido de acareação. Naatz, o relator da CPI. O impasse ocorreu porque Naatz dizia não ter tempo hábil para preparar a acareação até esta quinta-feira (4). Amin tem pressa, teme que advogados consigam barrar a acareação na Justiça.

O bate-boca terminou com a data definida para a próxima terça (10). E com o desgaste entre os membros da CPI, que andava rondando os corredores da Alesc, levado a público.

Há uma certa animosidade no ar entre os deputados que compõem a comissão. Naatz, na relatoria, é criticado nos bastidores por não compartilhar o andamento dos trabalhos com os demais. O que ficou claro no episódio da investigação sobre o governador Carlos Moisés (PSL) – a afirmação de Naatz de que o considerava na lista de investigados pegou parte dos membros da CPI de surpresa e deixou alguns deputados desconfortáveis, já que isso não havia sido discutido nesses termos.

Outro ponto que tem incomodado uma parte dos parlamentares que integram a comissão é a subida de tom nos questionamentos feitos aos depoentes. Há uma postura quase inquisidora entre alguns dos deputados – o que constrange as testemunhas e provoca um clima de justiçaria.

Continua depois da publicidade

Márcia Pauli, por exemplo, precisou responder o que deveria mudar no Estado “além do governador”. Um tipo de pergunta endereçado apenas ao processo de desgaste do governo.

A postura mais incisiva leva a preocupações entre membros da CPI, porque pode dar margem para pedidos judiciais para dispensar testemunhas. E esta seria uma perda irreparável para a investigação. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) negou a solicitação feita pelos advogados de Márcia Pauli, para que ela fosse liberada de depor. Mas a Justiça estabeleceu uma série de condições para protegê-la de excessos. E elas podem ser estendidas aos demais investigados.

Uma dessas condições é proteção às garantias constitucionais, “impedindo que ocorram (abusos), com o escopo de perseguição política ou de aumentar o prestígio pessoal dos investigadores”. A linha é tênue.

A CPI tem a importante tarefa de esclarecer, de forma muito mais aberta do que um inquérito policial, pontos controversos em relação à compra suspeita. É uma investigação pública, que atrai o interesse dos eleitores. Precisa correr de forma ética e responsável.

Continua depois da publicidade

Participe do meu canal do Telegram e receba tudo o que sai aqui no blog. É só procurar por Dagmara Spautz – NSC Total ou acessar o link: https://t.me/dagmaraspautz​