O fornecimento de água salgada e imprópria para o consumo, em Itajaí e Navegantes deve seguir pelo menos até o fim da semana. Esse é o prazo estimado para a contenção da maré na barragem do Serviço Municipal de Água e Saneamento (Semasa).

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Pontos de distribuição de água mineral foram instalados na cidade, mas ter água potável não é o único problema. A água salobra serve como condutora de eletricidade e danifica equipamentos como chuveiros elétricos e máquinas de lavar roupas que têm água aquecida. Consumidores têm sofrido com pequenas descargas elétricas ao tomar banho.

As causas do problema ainda seguem sob investigação. A barragem passou por obras de reforço no ano passado, depois que uma vistoria da Defesa Civil Estadual, feita a pedido do próprio Semasa, identificou problemas estruturais. Foram investidos R$ 8 milhões para sanar os problemas apresentados na época.

Em dezembro de 2019, com a obra já concluída, um laudo a que a coluna teve acesso apontou que ainda havia problemas nas estacas de contenção da barragem e uma rachadura, com 25 centímetros de abertura, na parede da barragem. 

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O engenheiro civil do Semasa, Ervino Ribeiro Macedo, disse que não há relação entre as obras e apontamentos posteriores, do ano passado, e o incidente que ocorreu agora. Segundo ele, a rachadura identificada no relatório é uma junta de dilatação e não está no ponto da estrutura onde ocorreram os danos.

O problema que aconteceu agora, de acordo com o engenheiro, está embaixo da laje que sustenta as paredes de contenção. Questionado se houve avaliações periódicas no local, ele disse que, até então, não havia nenhum indicativo de problemas – a pista seria o aparecimento de bolhas de ar e aumento no índice de salinidade da água, o que só apareceu a partir do dia 13 de outubro.

Inicialmente, suspeitou-se que um vazamento em uma adutora que passa embaixo da barragem, a quatro metros de profundidade, tivesse sido o responsável por revolver o solo e provocar os danos. No entanto, não há certeza de que essa tenha sido a causa.

Victor Silvestre diz que as dúvidas ocorrem porque a captação do Semasa ocorre em um ponto incomum, no Canal Retificado do Rio Itajaí Mirim – um ‘braço’ do Rio Itajaí Mirim aberto artificialmente. Essa condição torna imprevisível a dinâmica das águas e do solo sob o canal. É um “fluxo de sedimentos atípico”, segundo o diretor.

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A influência das marés é outro ponto delicado. Captações em locais assim são raras no Brasil – tanto que a barragem de cunha salina de Itajaí é uma das únicas do país.

– É o rio que temos para captar. Não temos outra opção com tamanha vazão – afirma Silvestre.

Nos últimos dias, especialistas contratados têm trabalhado para avaliar os danos à barragem. Foi construído um projeto de contenção emergencial para garantir a retomada do abastecimento de água potável, que deve ter resultado até o fim da semana. Posteriormente, será feito o conserto definitivo.

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