A imagem feita pelo cinegrafista da NSC TV, Luiz Carlos de Souza, na manhã nesta quarta-feira (29), resume o estado em que os motoristas que passam pela obra de revitalização da Rodovia Jorge Lacerda (SC-412) a encontram: abandono. Mais de dois anos após o início dos trabalhos, que deveriam ser entregues até o começo da temporada de verão, tudo está parado. Nem o maquinário ficou.
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A Secretaria de Estado da Infraestrutura (SIE) reconheceu, em nota, que as obras vinham em ritmo lento desde o ano passado. Mas decidiu manter o contrato com a empresa responsável pela obra, a construtora carioca Almeida e Filho, "entendendo que o lançamento de uma nova licitação seria mais danoso ao processo de conclusão".
Segundo a Secretaria, a empresa pediu, este mês, a rescisão de contrato "mediante as cobranças por parte da Secretaria para finalização da obra". O pedido será analisado pelo Estado conforme a legislação. Na prática, a empresa já se retirou.
Pela manhã, a coluna não conseguiu contato com a Almeida e Filho. Para empresários e moradores das margens da rodovia, a versão aceita é de que o Estado teria atrasado pagamentos – o que levou a empresa a pedir a rescisão.
Questionada a respeito, a Secretaria de Infraestrutura contesta: informa que, em dezembro, a empresa recebeu R$ 950 mil, que quitaram as medições de outubro e novembro. "A empresa solicitou um reequilíbrio que a SIE indeferiu por não considerar o pagamento devido. Como o prazo em contrato era dia 31/12/19, a SIE fez um aditivo de prazo para empresa, que foi recusado por esta e solicitou a rescisão do contrato sem finalizar a obra", afirma, em nota.
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Mais de 40 empresas afetadas
Na manhã desta quarta, o vereador Tonho da Grade, de Itajaí, reuniu-se com empresários e moradores da região. O grupo pretende fazer um protesto nas próximas semanas, para chamar atenção para o estado em que ficou a rodovia. A obra inacabada tem reflexo nas comunidades de Santa Regina, Porta 1 e 2, Jardim Amélia e Espinheiros. A região tem movimento intenso de pedestres e ciclistas.
Mais de 40 empresas que ficam às margens da rodovia, no trecho inacabado, em Itajaí, contabilizam prejuízo. Diego Dalçoquio, diretor do setor de postos de combustíveis do Grupo Dalçoquio, diz que a movimentação reduziu.
– O volume de vendas nos postos caiu, e o principal feedback que temos dos clientes é que não querem retornar devido às obras na entrada do posto. Teve cliente que quebrou a roda, é muito buraco e poeira – diz.
O trecho da rodovia em Itajaí, que leva até a BR-101, seria duplicado. A região é repleta de empresas de logística, e o movimento de caminhões é intenso.
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O investimento do Estado na obra, previsto paravR$ 33,5 milhões, subiu para R$ 37 milhões com aditivos.