A falta de avanço efetivo nas medidas para conter a pandemia indica que a Santa Catarina do governo Moisés não é a mesma que faz fila e agoniza nos hospitais, à espera de leitos de UTI que não existem. O novo decreto estadual, anunciado em reunião com os prefeitos, pouco altera as restrições vigentes e foi mal recebido pelos sobrecarregados profissionais de saúde da linha de frente, que esperavam resposta à altura da gravidade do colapso no Estado.

Continua depois da publicidade

> Lockdown em SC na Justiça: entenda o processo que pede restrições por 14 dias no Estado

Dentro das unidades de saúde, o cenário é desolador. São mas de 400 pessoas à espera de um leito de UTI. Há carrinhos de anestesia, usados em cirurgias, adaptados para servir como respirador. Há pessoas intubadas em corredor e em emergências. Há um fluxo interminável de pacientes para os quais não há leitos disponíveis na rede pública, nem privada.

> Cresce o número de crianças e adolescentes contaminados pela covid-19 em SC

Santa Catarina vem registrando a maior média de mortes desde o início da pandemia – um dos maiores crescimentos do país nos últimos dias. Apesar disso, o Estado abre mão de lidar com os descontentes e entrega aos prefeitos a responsabilidade de adotarem as próprias decisões. Uma estratégia que já se mostrou ineficaz pelo receio de desgaste político nas prefeituras, pela falta de articulação regional e pela falta de lastro estadual para as medidas.

Continua depois da publicidade

> Painel do Coronavírus: saiba como foi o avanço da pandemia em SC

Moisés desistiu de gerir a pandemia – prova disso é que seu novo braço direito, Eron Giordani, ‘emprestado’ pela Assembleia Legislativa, é quem conduz a maior parte das reuniões em que se discute a pandemia. A postura do governador faz lembrar o Colosso de Rodes, uma das maravilhas do mundo antigo que teria um pé fincado em cada lado do canal que dava acesso à ilha que lhe deu o nome. Moisés tem um pé apoiado no setor econômico, que alerta para o risco de prejuízo iminente causado por medidas restritivas, e o outro na política, que ainda o assombra com a ameaça de impeachment.

Transferências de pacientes com Covid de SC para o Espírito Santo correm risco de suspensão

O governo afasta a ideia de um lockdown e não parece buscar sequer um ‘meio termo’ nas medidas restritivas. Feito a gigantesca estátua grega, Moisés segue inerte. Enquanto os estados vizinhos adotaram restrições escalonadas e multa para quem descumpre as regras, Santa Catarina continua insistindo em um mapa de risco que não reflete a gravidade do cenário e em uma restrição intermitente – solução que não tem precedente em lugar nenhum do mundo e, até agora, não surtiu resultado algum.
> Mortes por Covid entre pessoas de 30 a 39 anos já superam todo o mês passado

Para o Colosso de Rodes, de nada adiantou estar fixo e seguro sobre os dois pés. A estátua sucumbiu em um terremoto e foi parar no fundo do Mediterrâneo. A pandemia é o terremoto que Moisés tem que enfrentar.

Participe do meu canal do Telegram e receba tudo o que sai aqui no blog. É só procurar por Dagmara Spautz – NSC Total ou acessar o link: https://t.me/dagmaraspautz​

Continua depois da publicidade