Enquanto a data do julgamento final do processo de impeachment não chega, Santa Catarina vive uma batalha de poder protagonizada pelo governador afastado, de um lado, e pela governadora interina, de outro. Ambos oriundos das trincheiras do bolsonarismo. A guerra, que há tempos era travada nos bastidores, intercalada com períodos de trégua, agora ocorre às claras e temperada com ‘cutucões’ oficiais.

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Carlos Moisés usa o Twitter para provocar o governo em exercício pela velocidade de vacinação no Estado. Daniela Reinerh diz que está focada em devolver a Santa Catarina os R$ 33 milhões gastos na compra de respiradores, e coloca três procuradores do Estado na função.

Daniela troca peças chaves no governo, da Saúde à Fazenda, e desmonta o grupo de confiança de Moisés. A turma do governador afastado a acusa de inaptidão para o cargo, enquanto torce sem sutilezas por um escorregão ao estilo da afirmação sobre o nazismo, que marcou a primeira interinidade da vice-governadora.

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O motivo da guerra é a expectativa de poder, imediato e pós-2022. Para si, e para os grupos políticos aos quais ambos se abraçaram nos últimos tempos. Moisés tem razões – reforçadas pelo arquivamento das investigações contra ele no Superior Tribunal de Justiça (STJ) – para acreditar que volta ao governo. Daniela tem as suas para crer que fica no cargo, com eventual, embora pouco provável, virada de votos no Tribunal de Julgamento. 

Essa batalha entre titular e vice tem um enredo semelhante ao que o Brasil já assistiu recentemente, quando a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada no processo de impeachment, antes do julgamento definitivo, e trocou farpas com Michel Temer. Mas o caso de Santa Catarina tem pitorescas particularidades.

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Moisés e Daniela não são fruto de uma coalizão partidária de ocasião, de um ‘casamento de conveniência’. Vieram do mesmo nicho ideológico bolsonarista e do mesmo partido, o PSL, que Daniela abandonaria seguindo o exemplo do presidente Jair Bolsonaro. Inexperientes, ambos foram eleitos numa onda antipolítica que varreu o Brasil. Elevados ao cargo, disputam poder. 

Em meio à batalha travada por dois ex-companheiros de primeira hora está Santa Catarina, atingida pela pandemia inclemente e pela crise econômica que afeta algumas de suas principais atividades. Eis um velho e mofado enredo para aquela que se pretendia “nova política”.

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