Duas divulgações recentes sobre os fatos do 8 de janeiro de 2023 – a entrevista do ministro Alexandre de Moraes à Folha de S. Paulo e o documentário da GloboNews, com imagens inéditas sobre os ataques – mostram a dimensão do abalo que a jovem democracia brasileira sofreu um ano atrás. E constatam que as instituições conseguiram conter a infâmia do golpe.
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Por parte de Moraes, é assustadora, mas não surpreendente, a revelação de que havia planos, entre os golpistas, para prender e até para enforcar o ministro em praça pública. O martírio do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seria o ato simbólico de uma democracia esfacelada. O horror.
No documentário, por outro lado, estão os registros sobre a série de tomada de decisões que desancou a fúria golpista. Estão ali os heróis anônimos, como os policiais militares que, acuados e agredidos, evitaram que a multidão ensandecida conseguisse retirar suas armas e provocar um estrago ainda maior.
Novos atos em defesa da democracia marcam um ano dos ataques de 8 de janeiro
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Os fatos do 8 de janeiro de 2023 ficarão marcados como uma cicatriz na história brasileira. Mas também serão lembrados como o dia em que a democracia, há tão pouco tempo resgatada e muitas vezes claudicante, prosperou. O resultado das urnas foi respeitado. Desta vez, as instituições venceram o golpe.
É necessário, no entanto, que os horrores do quebra-quebra sejam um divisor de águas. Sem considerar nesta análise os movimentos globais que também estimularam os ataques de 8 de janeiro, é preciso avaliar o papel que nossas cicatrizes mal curadas tiveram na sanha golpista – a deturpação de princípios constitucionais, a frágil percepção do que é uma sociedade democrática, quais seus valores e sua importância – e virar o jogo.
No palco democrático, todas as correntes de pensamento político são bem-vindas e a alternância de poder é um movimento natural. Mas o radicalismo, que coloca em risco a própria democracia, não deve jamais ser tolerado.
Um dado importante: segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada neste domingo (7), 89% dos brasileiros condenam os atos de 8 de janeiro – gente de todos os campos do espectro político. Não há espaço para golpismo – ainda que, parafraseando a musa Gal Costa, quando se trata de democracia, é preciso estar atento e forte.
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